Manuscrito de Beethoven confiscado por nazistas volta para antigos donos
A peça integra a série de quartetos encomendada por príncipe russo e fazia parte do acervo de uma das famílias mais influentes da Checoslováquia

A partitura original do quarto movimento do Quarteto de Cordas nº 13 em Si Bemol Maior, Op. 130, de Beethoven, será devolvida para uma das famílias mais influentes da Checoslováquia antes da II Guerra Mundial. O manuscrito, que foi confiscado pelos nazistas junto com outros bens durante o Holocausto, volta às mãos de seus antigos donos, a família Petschek, graças a uma lei de restituição aprovada na República Checa.
O regime nazista liderado por Adolf Hitler usou a obra de Ludwig van Beethoven para seus propósitos de propaganda. O ditador não estava interessado apenas no talento artístico do compositor, mas no fato de ele ser considerado um herói, superando a surdez para se tornar um dos grandes gênios da música alemã, representando a capacidade e a força germânicas.
O manuscrito fazia parte do acervo do Museu da Morávia, na cidade de Brno, há mais de 80 anos. A composição integra uma série de quartetos em seis movimentos que foi encomendada pelo príncipe russo Nicholas Galitzin. Escritos entre 1925 e 1926, estreariam logo em seguida na Áustria. Teria passado pelas mãos de outros donos antes de se tornar propriedade da família Petschek, que adquiriu o original após a I Guerra Mundial.
A obra de Beethoven teria passado para a mão dos nazistas durante a ocupação da Checoslováquia, e permaneceu no museu graças à ousadia de um especialista, que mentiu durante a avaliação de autenticidade, afirmando não se tratar de uma obra verdadeira. A decisão garantiu ao museu a posse do documento.
Franz Petschek, patriarca da família, tentou resgatar a composição original após o fim da guerra, mas apenas agora, 77 anos depois, retornará a seus herdeiros graças a um movimento crescente de leis de restituição de objetos roubados na Europa. O restante das peças do Quarteto de Cordas de Beethoven, no entanto, ainda estão espalhados por arquivos e museus dos Estados Unidos, República Checa, Polônia, França e Alemanha.