Transformar regiões afetadas pela violência, com infraestrutura, segurança, e ferramentas de inclusão social são algumas das diretrizes do urbanismo social. Não é pouca coisa, nem fácil de ser aplicado. Exige o envolvimento das comunidades, de especialistas na área e do governo para que identificar os principais problemas para que se encontrem soluções e então possam ser implantadas por esferas competentes. O trabalho é longo, mas traz resultados estupendos. Medelim, na Colômbia, é a prova disso. Entre 1980 e 1990, a cidade teve o vergonhoso título de ser a aglomeração urbana mais violenta do mundo. Sob o domínio do tráfico do traficante Pablo Escobar, chegou a ter 10 assassinatos a cada 100 mil pessoas, índice classificado como violência pandêmica pela Organização Mundial de Saúde. Três décadas depois, a vida mudou. Praças museus, ciclovias e parques transformaram-se em cenário para uma vida segura, que parecia que não voltaria nunca mais.
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Qual foi a mágica para tamanha mudança? Dizer que a responsabilidade é do urbanismo social é muito pouco para quem pretende fazer o mesmo em outro lugar do planeta. “Há muito tempo, nossos alunos pediam que colocássemos as estratégias de aplicação do urbanismo social em uma publicação”, diz Tomas Alvim, coordenador executivo do Laboratório Arq. Futuro, do Insper, que tem uma pós-graduação sobre o tema. E, agora, atendendo ao desejo dos estudantes, lançou o Guia Prático do Urbanismo Social, com 155 páginas, pela BEI Editora. A ideia foi reunir experiências sistematizadas em uma publicação, facilitando dessa forma as pesquisas de especialistas, estudantes e políticos, interessados a mergulhar no tema, e quem sabe colocar em prática.
O prefácio é bem claro em relação as intenções: “Destina-se a todas as pessoas que tenham interesse em pensar e agir na cidade, com foco no engajamento em processos de mudança socioterritorial, que pretendem enfrentar as desigualdades em regiões vulnerabilizadas.”
Primeiro pós-graduação e agora o guia
Há quatro anos, o Arq. Futuro, que nasceu dentro da BEI Editora, fechou parceria com o Insper, renomado centro de formação acadêmica. Juntos criaram dentro o Núcleo de Urbanismo Social, que hoje tem uma pós-graduação. O curso não exige diploma superior para ser realizado. “No início queríamos que também as lideranças comunitárias tivessem a oportunidade de se especializar”, diz Alvim. A liderança é a chave para o envolvimento da comunidade nas transformações, que só podem ser feitas com a ajuda do governo. Aliás, a publicação surge em uma época muito oportuna, às vésperas da eleição de novos prefeitos, e pode ser uma fonte de inspirações. A boa nova é que o livro é gratuito. Para baixar é só acessar o link a seguir, https://lnkd.in/dvB2EQs. E boa leitura.