Festa do pijama: a roupa de dormir sai dos quartos para as passarelas
É movimento levado a sério por algumas das mais celebradas grifes globais
Não é o caso de dormir no ponto. O pijama, símbolo máximo de conforto e intimidade, conquistou um novo espaço, para além das camas: as ruas. É tendência que já foi batizada — o pajamacore, em inglês —, e tudo que leva um nome é porque pegou. Não se trata, é bom salientar, de onda passageira, a graça de subverter o armário, o provocativo charme efêmero, de modo a fazer rir um pouquinho. É para valer, e não por acaso grifes prestigiadas oferecem modelos para lá de elegantes, não necessariamente para serem usados apenas à noite, entre quatro paredes. Convém, desde já, deixar claro a distinção do moletom, que no auge da pandemia de covid-19 foi levado a inéditos patamares.
Com o pijama é diferente, sim. É a celebração de um tipo de hedonismo fashion que une bem-estar e sofisticação. As principais semanas de moda internacionais abraçaram a maré. A Dolce & Gabbana levou o conceito às últimas consequências com uma legítima “festa do pijama” em sua passarela, apresentando conjuntos listrados, estampas de bolinhas e roupões fluidos combinados com saltos altos. A Emporio Armani apostou no clássico atemporal do modelo em seda. A Ferragamo explorou silhuetas inspiradas em quimonos. Hailey Bieber roubou a cena em Paris com um ousado corte de seda amarela com acabamento rendado, sintetizando perfeitamente o espírito do momento: liberdade com algo para dizer por meio da moda, e esse algo para dizer é uma tal de “preguiça terapêutica”, o ócio a serviço da saúde mental. “Vivemos um tempo em que as pessoas buscam prazer e autenticidade em tudo”, diz o consultor e stylist Alexandre Schnabl, mentor de marcas como a Fée Collection.
Não se trata de sair por aí e, ao virar a esquina, ver multidões dentro de pijamas. Mas há um momentum, digamos assim, que não pode ser desdenhado. No Brasil, famosas como as atrizes e modelos Giovanna Antonelli e Camila Queiroz despontaram com pompa e circunstância (e haja circunstância) dentro de peças da italiana Intimissimi. E, como não dá para deflagrar o vale-tudo, deu-se um jeito de criar o day-jama, o pijama diurno, de traços que se confundem com roupas para depois do despertar. A brincadeira, e não poderia ser diferente, tende a sair cara. Um Dolce & Gabbana pode chegar a 30 000 reais. Um Ferragamo vai a 10 000 reais. É muita coisa, mas feita para alimentar a beleza insólita, um pouco como aprendemos no cinema, o rastilho da festa atual. Audrey Hepburn, em Bonequinha de Luxo (1961), eternizou a camisola minimalista. Lauren Bacall usara camisas de seda largas com ar despojado. Décadas depois, Angelina Jolie levou a tendência ao tapete vermelho com o “palazzo pijama”, um conjunto de duas peças inspirado nos anos 1970 que se tornou sinônimo de glamour. Dá, enfim, para sonhar acordado.
Publicado em VEJA de 31 de outubro de 2025, edição nº 2968
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