Passado o natal, a maior parte das pessoas, no ocidente, começa a se planejar para o ano novo. Por ser tão tradicional, a impressão é a de que esse é um evento universal, mas a realidade é que é uma data simbólica e, como tal, pode ser celebrada em momentos diferentes ao redor do mundo. Uma das mais tradicionais e antigas é o Festival da Primavera, também conhecido como Ano Novo Lunar, que acaba de ser incorporado pela ONU como um dos feriados oficiais.
A decisão ocorreu durante a 78ª sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas e adotou, na última sexta-feira, 22, o Ano Novo Lunar como feriado flutuante oficial. Via de regra, a sede e os escritórios da ONU possuem 10 feriados por ano, sendo nove legais e um flutuante. Durante as comemorações legais, que variam de acordo com os países anfitriões, todos os funcionários ficam de folga. Além disso, cada colaborador pode escolher um feriado flutuante – são oito opções disponíveis, entre datas como Natal Ortodoxo, Yon Kippur e, agora, Ano Novo Lunar – para tirar a décima folga.
O que é o ano novo lunar?
A comemoração adotada pelo órgão multilateral é celebrada em pelo menos 12 países, mas a China é seu principal representante. Nesta data, que varia anualmente e pode ser adotada entre 21 de janeiro e 21 de fevereiro, diversos signos comemorativos são observados pelo país como uma maneira de celebrar o início da primavera no calendário lunar.
Os nián huà são os mais tradicionais. Pendurados em portas, janelas e armários, os desenhos se aproveitam das curiosidades da língua para expressar os desejos para o ciclo que se inicia. 莲 lián (lótus), por exemplo, tem sonoridade parecida com 连 (sucessivamente), enquanto 鱼 yú (peixe) tem a mesma pronúncia de 余 (abundância). Portanto, um desenho de uma criança rodeada de peixes e flores de lótus podem simbolizar os votos de anos seguidos de fartura e prosperidade.
A cor vermelha e os fogos de artifício também são comuns. Reza a lenda que, na China Antiga, o feroz Nian, um monstro que vive no fundo do mar, subia a terra às vésperas do ano novo para devorar o gado e ferir as pessoas. A população, então, passou a fugir para as montanhas até que um mendigo ensinou que o monstro tinha muito medo de vermelho, fogo e explosão. Desde lá, nessa data, a cor e o espetáculo celeste se tornaram uma tradição para afastar os maus agouros.
Que outras culturas comemoram o ano novo em datas diferentes?
O ano novo ocidental é celebrado no primeiro dia de janeiro como uma convenção, pelo menos desde 1752, quando a Inglaterra ordenou que suas colônias adotassem o calendário gregoriano. Em outras culturas, no entanto, os novos ciclos tem início em datas diferentes:
- Ano novo iorubá: o ano no calendário Kojodá possui 91 semanas de apenas quatro dias (Ógun, Jakuta, Ose e Awo) e tem início no dia 3 de junho do calendário gregoriano, coincidindo com o início da colheita do inhame;
- Ano novo wicca: a religião neopagã adota costumes de povos ancestrais, como celtas. O ano novo nesta cultura é conhecido como Samhain e é adotado no dia 31 de outubro, com uma festa que marca o fim das colheitas e o início do inverno;
- Ano novo hindu: a Índia possui mais de 30 calendários e diversas tradições diferentes. Embora muitos indianos celebrem na data do calendário gregoriano, o dia de Diwali, celebrado em outubro com um festival de luzes que dura cinco dias, é considerado a celebração mais importante do ano, com base no calendário lunar hindu;
- Ano novo tailandês: na Tailândia o ano novo, chamado de Singkram, é celebrado a partir de 13 de abril e dura três dias. Nesta data a população visita familiares, limpa as casas, visita templos e realiza uma divertida guerra de água, como maneira de se purificar;
- Ano novo islâmico: as celebrações desses povos é chamada de Hijrī e marcam o inicio do Muharram, mês sagrado que dá início ao ano árabe, no calendário muçulmano. Com apenas 354 dias, o ano é mais curto que o gregoriano e é baseado nos movimentos da lua;
- Ano novo judaico: chamado de Rosh Hashaná, a data é celebrada por dois dias entre setembro e outubro e marca o início de Tishiri, o primeiro mês do ao civil no calendário hebreu lunisolar.