Destaques brasileiros do principal guia de vinhos da América do Sul
Espumantes são maioria entre os mais bem pontuados rótulos pelo guia Descorchados, mas há também vinhos tranquilos interessantes
Neste ano, o Descorchados, principal referência quando o assunto é vinho da América do Sul, completa um quarto de século. A iniciativa do jornalista e degustador Patricio Tapia que começou como um guia de rótulos do Chile hoje é uma ferramenta fundamental para entender o momento da produção latina. Argentina e Chile, pelo tamanho da produção e variedade, são destaques. Mas há ótimas indicações de vinhos do Uruguai e do Brasil e, pela primeira vez, do Peru e Bolívia.
O guia oferece dicas interessantes para o Brasil. Entre os mais de 4 mil vinhos degustados, há representantes de ao menos 35 vinícolas brasileiras. Os espumantes nacionais já são reconhecidos há tempos por sua qualidade, e marcam forte presença na edição deste ano do guia. É o caso da Ponto Nero, eleita vinícola revelação do ano. Rótulos como o Enjoy Brut, feito com a uva Alvarinho, variedade presente nos grandes vinhos verdes do norte de Portugal, e o Icon Brut, são exemplos do potencial das borbulhas brasileiras.
O enólogo Daniel Dalla Valle, da Casa Valduga e Ponto Nero, foi eleito o melhor do ano por conta da consistência do portfólio que ajudou a criar. Todos os espumantes são gostosos, dos mais simples ao 130 Special Edition, um Blanc de Noir (feito com a Pinot Noir, uma uva tinta), que recebeu 93 pontos.
Mas a boa surpresa é acompanhar a evolução dos vinhos tranquilos, como são conhecidos aqueles sem bolhas. A Guatambu, eleita vinícola do ano, produz um espumante Blanc de Blancs 100% Chardonnay que recebeu a maior pontuação do ano (94 pontos, empatado com outro espumante, o Terroir Nature 2019 da Cave Geisse). Mas sob o comando de Gabriela Hermann Potter também é responsável por excelentes tintos, como o Lendas do Pampa Cabernet Sauvignon ou o Épico, blend de quatro castas que se adaptaram bem à Campanha Gaúcha: Tannat, Cabernet Sauvignon, Tempranillo e Merlot.
É interessante também notar como os vinhos naturais brasileiros ganharam muito em qualidade e hoje são referência. O movimento por aqui é forte, e prova disso é a escolha de dois rótulos da Arte da Vinha, projeto do enólogo e empresário Eduardo Zenker e sua mulher, a bióloga Gabriela Schäfer. O Francamente Franc 2022, feito com Cabernet Franc, foi escolhido melhor tinto (com 94 pontos) e o Magmatic 2021, de Chenin Blanc, o melhor branco (com 93 pontos, empatado com o Otto 2022, da Adega Refinaria, feito de Sauvignon Blanc).
Além da versão impressa do guia, já à venda, o lançamento conta com uma grande degustação com a presença de dezenas de produtores e importadores. É uma chance importante de conhecer rótulos e vinícolas, nem todas com representantes por aqui. Após o evento em São Paulo, realizado na terça (11), o Descorchados segue para o Rio de Janeiro nesta quinta (13), no VillageMall. Ainda há ingressos, e o preço da entrada, R$ 300, dá direito a degustação de todos os rótulos. Mas prepare-se: são muitos produtores e uma variedade imensa.