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Conheça as tendências da moradia no Brasil

Empresa promove estudo para descobrir o desejo do consumidor e desenvolver novos produtos para construção e acabamentos.  

Por Valéria França Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 2 ago 2024, 13h57 - Publicado em 2 ago 2024, 13h05

Qual é o desejo de moradia do brasileiro? Em uma época com tantas tragédias, como uma pandemia controlada recentemente, pelos menos duas grandes guerras em curso e sinais alarmantes de mudança climática pipocando em todo o globo, os humores ficam susceptível a um certo pessimismo em relação ao futuro. Insegurança econômica, emocional e existencial são alguns dos fantasmas que pairam na sociedade. Mesmo diante desse panorama, há sentimentos de esperança de tempos melhores, de planos individuais de crescimento e da busca pelo bem-estar. Essa mistura de emoções contraditórias foi detectada por uma pesquisa realizada com 1 045 participantes, intitulado Arquitetura da Experiência, com objetivo de descobrir os desejos do brasileiro em relação a moradia.

Quando menor, mais procurado

Encomendada pela Dexco, uma grande casa de marcas para construções, para definir tendências para o desenvolvimento de novos produtos, o estudo reafirma um movimento que já desponta nos grandes centros urbanos: a diminuição das áreas internas dos locais de moradia. A maioria dos entrevistados (62%) percebe que o futuro da habitação no país já está se concretizando. O aumento da procura e consequentemente dos preços de estúdios de 25 e 35 m² em relação aos demais imóveis do mercado é um bom parâmetro do tipo de produto que agrada ao brasileiro. Enquanto o valor médio do metro quadrado de um apartamento de 1 dormitório é R$ 10,6 m², o de 2 dormitórios desce para R$ 8,05 m², de acordo com o DataZap. Quatro em cada dez pessoas ouvidas, acreditam que a tendência seja essa mesmo, a de morar em espaços cada vez menores, mas que para compensar precisam ser flexíveis.

Casas elásticas

Daí entra o conceito de casa elástica, termo escolhido para definir a capacidade de o local ser aconchegante e ao mesmo tempo se adequar às mudanças da vida. A moradia é como coração de mãe, onde sempre cabe mais um. Portanto, deve ser um espaço projetado para acolher amigos, os filhos (que demoram mais para sair de casa), os pais (que vivem mais), e o pet –que atualmente é considerado importante membro da família. Há de se levar em conta também a possibilidade do trabalho híbrido, que requer sossego e concentração.

Móveis modulares

Para se adaptar a tantas pessoas e funcionalidades, os móveis precisam ser facilmente transportados de lugar, para que sejam readaptados às necessidades do dia, quase como um cenário. A vida ficou mais fluída, assim como os espaços. “A fluidez está no uso diverso”, diz o arquiteto Ale Salles, CEO do Estúdio Tarimba. Os mobiliários precisam ser à prova de desmonte. Opções modulares, que deslizam, esticam e encolham, também são bem-vindas. Os móveis precisam ser planejados para aproveitar ao máximo o espaço e as funções. As tradicionais paredes dão lugar a divisórias mais leves, sanfonados, retráteis e deslizantes. Isso sem contar as cores, texturas e iluminação, que ajudam na criação dos ambientes.

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Dentro desse espaço, que pode ser mínimo, 57% acham importante integrar relaxamento com convivência entre as pessoas. O desafio é grande. “O futuro é criar espaços emocionais, arquitetura emotiva, através de objetos e luzes”, diz arquiteto Guto Requena, conhecido por ressignificar objetos na decoração, muitas vezes com a reciclagem, dando personalidade e praticidade aos ambientes. O lar precisa trazer bem-estar para quem mora e quem chega.

O envelhecimento é bem-visto pela maioria

A novidade aqui no comportamento é que 51% dos entrevistados mostram-se dispostos a qualquer alteração na casa para receber um idoso. “A sociedade como um todo precisa se preparar para a longevidade. A Dexco já está desenvolvendo produtos para casas multigeracionais”, diz Fernanda Moceri, gerente de design estratégico da empresa. Ela se refere a artigos da Deca Care, desenvolvidos pelas arquitetas Mariana Quinelato e Flavia Ranieri, especialistas em arquitetura inclusiva, como a barra de apoio, que tem harmonia estética com o ambiente. São peças que ajudam as pessoas se sentirem bem dentro de uma casa, independentemente da idade. Mas o consumidor também quer tecnologia dentro de casa, como sensores de queda e câmeras internas, além de recursos da inteligência artificial que ajudem em atividades básicas como ligar a TV, acender as luzes, e lembrar as horas do remédio.

Praticidade é fundamental

É alta ainda a preferência por viver em condomínios e vilarejos que, segundo 40% dos entrevistados, ofereçam serviços de lavanderia e mercadinho. Uma praticidade que já foi pensada –e depois abandonada –pelos arquitetos modernistas como Oscar Niemeyer, em prédios imensos como o Copan, no centro de São Paulo, inaugurado em 1966, com 33 andares, mais de 1 160 apartamentos de tamanhos variados, inclusive os do tipo compactos, chamados de quitinetes na época, e uma galeria de serviços e lojas. Guardadas as devidas diferenças, esse tipo de projeto misto de moradia volta à cena dos grandes centros urbanos, como São Paulo, como proposta de adensamento nos arredores de grandes eixos de transporte, com a ideia de transformar os condomínios em extensões da vida nos bairros e não mais paredões cercados e isolados. Os prédios surgem com calçadas mais largas e com paisagismo. Tudo bem que é uma contrapartida das construtoras, mas isso agrada muito as pessoas, que passam a ter mais prazer, bem-estar e orgulho do local onde mora. Uma tendência que deveria perdurar e se multiplicar.

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