Como um pequeno time de desenvolvedores criou um dos melhores games de 2025
Formada por ex-funcionários da Ubisoft, a Sandfall Interactive buscou referências na Belle Époque francesa ao criar o elogiado Clair Obscur: Expedition 33

Quando trabalhava na gigante Ubisoft, o desenvolvedor francês Guillaume Broche teve uma ideia para um game. Era 2020, no auge da pandemia de Covid, e ele ficou trabalhando em uma demo em seu quarto. Com o projeto pronto, começou a divulgar a demo em fóruns de discussão na internet. Optou por não mostrar a ideia para a Ubisoft. “Seria muito difícil aprovar um projeto desse, totalmente novo, em uma empresa grande”, disse Broche em entrevista ao canal Pouce Café. O trabalho, no entanto, chamou a atenção da Kepler Interactive, que fez um aporte de recursos. Broche deixou a empresa, fundou a Sandfall Interactive, e levou junto ao menos 12 outros ex-funcionários da Ubisoft. Com um time de cerca de 30 pessoas – pequeno para o padrão dos grandes jogos da atualidade – lançou Clair Obscur: Expedition 33. Com altíssimas notas e aprovação dos gamers, o título é um dos grandes candidatos a jogo do ano.
Clair Obscur: Expedition 33 é ambientado em um mundo de fantasia, Lumière, baseado na Belle Époque francesa. Todos os anos, a entidade conhecida como Paintress (“Pintora”) acorda e pinta um número em um monólito, fazendo com que todas as pessoas com aquela idade imediatamente se transformem em fumaça. Ela apareceu pela primeira vez há 67 anos, e ano após ano, esse número diminui. No início do jogo, ela acorda e pinta “33”. Depois desse ritual, um grupo de voluntários, em geral pessoas que têm apenas um ano de vida, embarcam em uma expedição para tentar acabar com a Pintora. O jogador assume o papel de Gustave e de um grupo de expedicionários que embarca nessa perigosa viagem.
Apesar de pequena, a equipe conseguiu um grande feito. O jogo tem uma estética própria, inspirada na Belle Époque francesa, gráficos excelentes, bons diálogos, boa interpretação dos dubladores, uma história envolvente e ótima jogabilidade, com combates em turnos inspirados nos clássicos RPGs japoneses (os JRPGs) como Final Fantasy e Persona. O pacote completo.

A história original é um dos fatores mais fortes do sucesso de Clair Obscur (título baseado na técnica de pintura chiaroscuro). O visual de inspiração francesa, o design dos inimigos e especialmente a bela trilha sonora, assinada por Lorien Testard, compositor encontrado pelos desenvolvedores na plataforma SoundCloud, contribuem para uma experiência imersiva. A história é dramática e lida com temas pesados, como luto e morte, mas tem alívios cômicos precisos para ajudar o jogador a enfrentar o tom sombrio.
O combate empolgante também contribui para o sucesso do título. Ele é baseado em turnos, como os melhores JRPGs, mas tem algumas novidades. Cada personagem do grupo controlado pelo jogador tem uma série de habilidades únicas. Fazer com que a equipe trabalhe junta e tenha poderes complementares é um dos maiores desafios. Para dar mais emoção, há um sistema de desvio e bloqueio (inspirado em Sekiro; Shadows Die Twice, segundo os desenvolvedores) que exige precisão.
O preço é outro fator importante. Em um mercado em que os grandes lançamentos custam pelo menos R$ 350, com versões deluxe, repletas de extras, alcançando a absurda marca de R$ 500, Clair Obscur: Expedition 33 custa R$ 199. É um valor alto mais justo para um título com tanta qualidade.
O jogo está disponível para PC, Playstation 5 e Xbox Series X/S. No caso do Xbox, assinantes do Game Pass podem jogar Clair Obscur como parte do serviço. Uma adaptação cinematográfica já foi confirmada antes mesmo do lançamento oficial do game.