Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Abertura de empresas por menores de 18 anos dispara em 2022

Fenômeno indica tanto o interesse pelo empreendedorismo como a necessidade de inserção no mercado de trabalho

Por André Sollitto Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 6 nov 2022, 08h00

Steve Jobs tinha 21 anos quando fundou a Apple ao lado de seu eterno parceiro Steve Wozniak, este um “veterano” de 26 anos com boa experiência no mundo da eletrônica. Bill Gates gestou a Microsoft na garagem de casa quando mal havia chegado aos 20. Com 22, seu sócio, Paul Allen, era só um pouco mais velho (leia mais na pág. 70). Mark Zuckerberg é outro gênio corporativo precoce: o Facebook começou a nascer quando ele completara apenas e tão somente 19. A história ensina, portanto, que a juventude é um ingrediente poderoso para o empreendedorismo. No Brasil, um fenômeno recente mostra que os jovens desejam cada vez mais trilhar o próprio caminho. De acordo com levantamento da plataforma de análise de dados Datahub, o número de microempresas individuais (MEIs) que pertencem a pessoas com menos de 18 anos disparou 227% no primeiro semestre de 2022, em relação ao mesmo período do ano passado. Ou seja: os muito jovens nunca tiveram tanta disposição para abrir um negócio e seguir a rota do mundo empresarial.

DESEMPREGO - Em busca de vagas: o mercado formal não absorve todos -
DESEMPREGO - Em busca de vagas: o mercado formal não absorve todos – (Willian Moreira/Futura Press)

Em geral, eles se motivam pelas vantagens oferecidas pela nova era da digitalização — que permite, por exemplo, abrir uma loja on-line na sala de casa — para se aventurar como empresários, muitas vezes antes mesmo de ter alguma vivência no mercado de trabalho formal. A pandemia, sempre ela, teve papel importante na aceleração do movimento. “Ela trouxe uma mudança na geografia dos pequenos empresários e proporcionou que novas atividades surgissem no mercado brasileiro”, afirma André Leão, diretor de produtos da Datahub.

Houve aumento expressivo do número de microempresas individuais abertas nas regiões Norte e Nordeste, o que mostra que o empreendedorismo se espalha por todo o país. Outro ponto interessante capturado pelo estudo: a categoria de vestuário é uma das que tiveram maior crescimento, indicando justamente a facilidade com que é possível vender roupas pela internet e ter o WhatsApp como plataforma de comercialização.

INSPIRAÇÃO - Jobs (à esq.) e Wozniak, da Apple: empreendedores precoces -
INSPIRAÇÃO - Jobs (à esq.) e Wozniak, da Apple: empreendedores precoces – (Db Apple/DPA/ZUMAPRESS/.)

Embora existam óbvias limitações, como o faturamento máximo de 81 000 reais mensais e a possibilidade de ter apenas um funcionário, o formato MEI pode ser visto como uma porta de entrada decisiva para o empreendedorismo. Por ser seguro e ter custo baixo com impostos, é um modelo eficaz para testar oportunidades de mercado. No momento de escalar o negócio, há uma grande rede de informações disponível no Brasil. “O Sebrae tem participação importantíssima no suporte e na educação empreendedora, indispensável quando a empresa cresce e passa a participar de um mercado mais exigente”, afirma Antonio André Neto, coordenador do MBA de gestão estratégica e econômica de negócios da Fundação Getulio Vargas (FGV).

arte Empreendedores

É preciso pontuar, contudo, que o cenário nem sempre é de pujança. Algumas vezes, o que move o empreendedor é mesmo a necessidade de sobrevivência. “O mercado não está absorvendo jovens da forma tradicional, com registros CLT”, afirma André Leão. Em outras palavras: na falta de oportunidades, eles partem para o que der e vier, e abrir uma empresa pode ser o melhor — e talvez único — caminho para ter alguma fonte de renda, para escapar da pobreza. Nessa balança, deve-se apontar um fator primordial para atrair futuros empresários: a glamorização do empreendedorismo, movida principalmente pela expectativa dos jovens em fundar empresas revolucionárias quando ainda estiverem na flor da idade — e, quem sabe, se tornarem novos Jobs, Gates e Zuckerbergs.

Publicado em VEJA de 9 de novembro de 2022, edição nº 2814

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.