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Quem você vai ser?

A gente é que escolhe o que interpretará na trama do destino

Por Walcyr Carrasco Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 9 jan 2022, 08h00
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  • Eu já compreendi que, na vida, a gente escolhe papéis. Cada escolha tem um caráter dramatúrgico, capaz de definir o próprio destino. Na recente passagem de ano, muitos amigos se atiraram nas previsões. Eu tenho uma só, válida para todos os anos. O papel que se escolhe define tudo o mais. Uma mulher que eu conheço adora se fazer de vítima. Segundo seu modo de ver, tudo o que acontece no mundo é para acabar com a vida dela. Imagino que, se ganhasse na Mega-Sena, choraria achando que tem algo de oculto e terrível por trás de tudo. Obviamente, não consegue ser feliz. Tudo vai bem: marido, filhos. Mas ela acha que o mundo está contra, e acabou.

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    Uma vez eu tive um amigo que vivia sempre a mesma situação: por falta de grana, buscava abrigo na casa de alguém. Meses depois, era convidado a se retirar e entrava em depressão. Arrumava outro lugar para se hospedar. E assim por diante… Eu conheço um sujeito que nunca morou em casa própria, alugada… é um profissional de certo sucesso, mas sempre se dependura em alguém. Há pessoas que se agarram ao fracasso e talvez até se sintam desestabilizadas quando vem o sucesso. Outras mentem compulsivamente, sua vida é uma rede de invenções. Também existem as arrogantes militantes, que escolhem uma causa, e ficam furiosas se você não compartilha de suas ideias por um mínimo que seja — e daí pode ser o fim da amizade. Há as que interpretam as sem-noção e fazem da vida alheia um inferno. Por exemplo, chegam três horas atrasadas em um encontro e abrem as asas furiosas quando a gente reclama. Tem quem vive pedindo empréstimo como uma forma de vida. Há pessoas que vivem causando conflitos. Sem o confronto, não saberiam o que fazer. Ou as que sonham com uma outra vida, mas não montam uma estratégia para realizar. Nunca vou esquecer: uma vez estava em uma fila de autógrafos e uma senhora de idade avançada me pediu uma chance para ser atriz. Nunca tinha tentado realmente. Mas o sonho estava lá, guardado, causando uma frustração que durou décadas. Também conheço gente que se justifica demais, sempre tem explicação para tudo. Mas é incapaz de pedir desculpas, dizer… foi mal.

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    “Numa novela, é difícil o ator mudar de personagem. Mas na vida dá, sempre! Neste ano, quero bons papéis”

    Também existem pessoas que são pura alegria de viver. Tudo para elas é bom, agradável. Mesmo diante de tragédias, fazem de tudo para superar. Pessoalmente são deliciosas de conviver. Obviamente, a vida sorri para elas. E, se não sorri, elas partem para outra. Enfim, é possível acompanhar a vida da pessoa como uma dramaturgia. Acredito em transformar o destino. Mas para isso a pessoa tem de estar disposta a sair dos papéis escolhidos. O velho ditado é verdadeiro: colhe-se o que se planta.

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    Um bom exercício é pensar no personagem que criou para si mesmo. Rejeitado? Muito amado? Por incrível que pareça, há quem coloque na cabeça que é feio, e não tem procedimento estético capaz de lhe trazer beleza.

    Numa novela é bem difícil o ator mudar de personagem. Mas na vida dá, sempre! Neste ano, quero escolher bons papéis. E, no elenco da minha vida, descobrir com quem realmente quero contracenar.

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    Publicado em VEJA de 12 de janeiro de 2022, edição nº 2771

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