Quando o cansaço deixa de ser normal (e o que fazer antes que piore)
O esgotamento profundo chega sem fazer barulho e se instala quando os sinais que o corpo dá são ignorados
Talvez você ache que está só cansado. Afinal, todo mundo anda exausto, não é?
Mas esse cansaço é diferente: não passa depois de um fim de semana de descanso e parece morar dentro de você. É como se sua cabeça funcionasse em câmera lenta, mesmo quando o corpo está parado.
E mesmo assim, você insiste. Se convence de que é só uma fase, que precisa de mais foco, ou de mais disciplina.
Mas e se não for isso?
O esgotamento profundo não costuma chegar com barulho. Ele se instala devagar, sem avisar.
Primeiro, você começa a esquecer coisas bobas. Depois, tomar uma decisão simples vira um esforço enorme. As ideias que antes vinham com facilidade agora travam. Você se esforça para se concentrar, mas é como se o cérebro estivesse rodando sem conseguir engrenar.
Com o tempo, até as atividades que te davam prazer não dão mais. Na ciência, chamamos esse esgotamento de burnout.
E o detalhe que quase ninguém sabe é que esse tipo de esgotamento não começa quando você trabalha demais. Ele começa quando você ignora os sinais do corpo e da mente por muito tempo.
O que te esgota não é o quanto você faz, mas o quanto te custa
O burnout não nasce só do excesso, mas do desequilíbrio constante entre envolvimento e retorno.
Para entender isso, tem um conceito do Bill Burnett que gosto de usar. Imagine que dentro de você existem dois tanques:
- Um tanque mede seu engajamento em cada atividade: se está motivado, focado e satisfeito.
- O outro tanque mede como você se sente depois: se aquilo te dá energia ou te suga.
Algumas atividades te envolvem por completo e ainda te recarregam (alto engajamento + alta energia). Esse é o melhor dos mundos: você se sente útil, presente, e sai renovado. É o que chamamos de zona de fluxo: quando um desafio que te motiva e habilidade se encontram, e você fica tão envolvido e alegre que nem vê o tempo passar.
Outras te exigem bastante, mas deixam um saldo neutro. Você cumpre, mas termina vazio, sem perder nem ganhar energia.
O maior perigo está nas tarefas que exigem muito e ainda te drenam (alto engajamento + energia negativa). Você está presente, concentrado, dando o seu melhor e sai esgotado. Isso varia de pessoa para pessoa, mas alguns exemplos mais comuns incluem:
- Mediar conflitos familiares: você está 100% presente, tentando entender e acolher os lados, mas sai exausto, como se tivesse carregado uma tonelada nas costas;
- Dar conta de tudo no trabalho sem pedir ajuda: você entrega, resolve, antecipa problemas, mas depois mal consegue levantar do sofá;
- Defender uma ideia em ambientes muito críticos ou competitivos: o cérebro entra no modo turbo, mas, quando termina, o corpo pede descanso — ou isolamento.
Se esse tipo de atividade domina seus dias, é comum chegar à noite sem energia nem pra fazer o básico. Esse é o cenário mais perigoso e onde o burnout começa a nascer.
Já atividades leves, que não exigem tanto engajamento e ainda recarregam (como ouvir música, caminhar sem pressa ou cuidar de algo simples) são fundamentais para equilibrar esse sistema. E quando nem o engajamento nem a energia aparecem, você entra numa zona de tarefas feitas no automático, que não acrescentam e ainda sugam sua disposição.
Como descobrir o que drena sua energia?
Durante uma ou duas semanas, observe sua rotina com mais atenção e honestidade, e analise como você se sentiu em cada atividade:
- Estava engajado ou entediado?
- Saiu energizado, esgotado ou neutro?
E, se quiser aprofundar ainda mais, experimente usar o método AEIOU — uma ferramenta simples que ajuda a identificar o que realmente faz diferença na sua experiência:
- Atividades: o que exatamente você estava fazendo?
- Espaço: onde você estava? O ambiente ajudou ou atrapalhou?
- Interações: com quem você estava interagindo? Isso te nutriu ou drenou?
- Objetos: algum recurso ou ferramenta facilitou ou dificultou a tarefa?
- Usuários: quem mais estava presente e como isso influenciou sua energia?
Após identificar as atividades que mais drenam sua energia, veja como você pode reorganizar sua rotina para intercalar com outras atividades que te renovem.
A ideia aqui não é controlar cada momento do seu dia, mas criar consciência.
Pensar nesses dois tanques (engajamento e energia) é como instalar um termômetro emocional na sua rotina. E quanto mais cedo você notar o que está te drenando, mais chance tem de evitar chegar ao ponto de esgotamento.
Lembre-se: burnout não é sinal de fraqueza. É sinal de que você ficou tempo demais ignorando seus próprios sinais.
Você já conhecia essa forma de ver e evitar o burnout?
Me conta lá no Instagram o que essa coluna te fez refletir? Sempre adoro conversar com os leitores por lá.
Nos vemos na próxima semana.
Até lá, pratique a ousadia de se recarregar antes de se cobrar.
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