Adoção de cachorrinha causa barulho em condomínio – e na internet
Condôminos pediram que casal se livrasse de cachorrinha adotada por causa dos latidos – e a carta de apoio de uma vizinha viralizou na internet

Isabele Marinho, moradora do Rio de Janeiro, adotou a cachorrinha Prada, de 3 meses de idade. Ela não poderia prever, no entanto, que a atitude louvável lhe renderia uma bela dor de cabeça: após pouco menos de um mês morando em seu apartamento, condôminos se reuniram em um abaixo-assinado pedindo que ela se desfizesse do animal.
O motivo de tamanha revolta dos moradores: enquanto Isabele estava trabalhando, Prada “latia demais”.
“A adoção foi ideia do meu namorado. Em um sábado ele perguntou o que eu achava, e como sempre quis ter um cachorrinho, achei ótima ideia. No dia seguinte estávamos adotando. Pegamos a Prada numa feira de adoção na Tijuca.”

Os problemas começaram poucos dias depois.
“Quando a gente voltava do trabalho, o porteiro dizia que estavam reclamando dela. Um dia, uma das condôminas chegou a mandar ele me ligar no meio do trabalho para falar que a Prada estava latindo. Isso cortou meu coração, já que eu não poderia voltar para casa naquela hora”, disse Isabele ao #VirouViral.
Segundo ela, as reclamações continuavam chegando. “Era no mínimo uma por dia”, afirma. Foi nesse meio tempo que Isabela recebeu uma carta que trouxe um grande alento.
A carta
Fernanda, moradora do condomínio, deixou na porta de Isabele uma cartinha. Nela, a vizinha relatava ter ficado “indignada” com um abaixo-assinado que os condôminos haviam feito para que Isabele se desfizesse da cachorrinha – e ofereceu o próprio apartamento para a pequena vira-lata, que poderá ficar por lá quando sua dona demorar.
“Eu soube do abaixo assinado pela carta de Fernanda. Fizeram sem eu saber. Agora, nós nos falamos pelo WhatsApp sempre. Ela é uma pessoa realmente incrível”, afirma.
Isabele resolveu publicar em seu Facebook a cartinha deixada por Fernanda, dizendo que por pessoas como ela, não desistirá da causa (muito menos de Prada). Feita na última sexta-feira (27), a publicação já conta com 24.000 reações, 3.800 compartilhamentos e 1.800 comentários. “Eu imaginava que fosse gerar discussão entre meus amigos, mas nunca pensei que fosse tomar essa proporção”, conta.
Após a publicação, Isabele recebeu uma enxurrada de mensagens de apoio – e dicas, que ajudaram a acalmar Prada. “Agora, sempre que saímos, nós deixamos a TV ligada, uma peça de roupa com ela e damos um petisco. Estamos pensando em dar floral, mas acho que se continuar evoluindo assim não será preciso”, afirma.

De acordo com a dona de Prada, as novas medidas para lidar com a cachorrinha e o próprio post expondo a atitude dos condôminos fizeram com que os protestos diminuíssem consideravelmente. “Nos últimos três dias, recebemos apenas uma reclamação”, diz.
Ela afirma que não pretende sair do apartamento. “Não me mudaria por conta disso. Seria dar razão para esse absurdo. Hoje, descobri que três vizinhos escreveram no livro de reclamação do prédio que iriam nos denunciar por maus tratos. Fico um pouco abismada de ver até onde eles podem chegar só para tirarem a Prada de lá. Mas, sinceramente, acharia interessante se essa denúncia acontecesse. Assim, eu poderia declarar falsa acusação. Seria uma forma de virar o jogo”.
“Tudo que fazemos hoje é pensando nela. Quando pegamos a Prada, ela estava morrendo de Parvovirose, que mata 80% dos filhotes. Nós a salvamos”, afirma Isabele.