(Wonder Wheel, Estados Unidos, 2017. Imagem) Chega a ser grandiosa a tristeza de Kate Winslet no filme de Woody Allen: como Ginny, que ambicionou ser atriz mas terminou como garçonete de um restaurante no balneário popular de Coney Island, nos anos 50, a atriz exala desapontamento, e faz de uma figura patética — a mulher malcasada, amedrontada pela meia-idade e que afoga as mágoas no copo e no humor autodepreciativo — um belíssimo estudo de personagem. Ginny, à beira da desesperança, encontra uma nova luz no amante Mickey (Justin Timberlake), um aspirante a dramaturgo bem mais jovem que trabalha como salva-vidas (e faz ainda as honras como narrador e alter ego do diretor). Mickey vê em Ginny um bom enredo a escrever no futuro; Ginny vê em Mickey a tábua de salvação de suas desventuras — o marido bronco (Jim Belushi), o filho incontrolável e o arrependimento de ter destruído seu primeiro casamento. Mais uma decepção, porém, a aguarda: em fuga do marido bandido, sua enteada jovem e atraente (Juno Temple) imediatamente chama a atenção de Mickey. O tom às vezes é teatral em demasia, mas a ambientação quente e nostálgica e a atuação de Kate são uma compensação mais que suficiente.