Há 30 anos, o Metallica era uma das bandas de heavy metal mais conhecidas do mundo, reverenciada pelos fãs e respeitada entre seus pares. O grupo americano, no entanto, estava em uma encruzilhada: seguir no piloto automático ou se reinventar. Em 12 de agosto de 1991 a banda escolheu o segundo caminho ao lançar Black Album, um trabalho mais popular com um rock mais palatável. A mudança provocou as mais duras críticas que o grupo havia recebido até então. A longo prazo, a decisão se mostrou uma das mais acertadas que os integrantes já tomaram. Estão lá faixas que se tornaram clássicas de seu repertório, como Enter Sandman, Sad But True, The Unforgiven e, claro, Nothing Else Matters.
Para celebrar a data, o Metallica lançou recentemente um improvável álbum de covers The Metallica Blacklist, com 53 versões das músicas do Black Album feita por artistas improváveis, que vão desde cantoras pop, como Miley Cyrus até o cantor colombiano de reggaeton J Balvin e o jazzista Kamasi Washington, passando por outros astros do rock como Weezer, Ghost e Corey Taylor. Para os fãs da banda, o trabalho pode até gerar alguma nova choradeira, com versões completamente diferentes dos clássicos. A vantagem, contudo, é a de apresentar as músicas do grupo para uma bolha que jamais ouviria Metallica na vida.
Não por acaso, dificilmente alguém terá paciência para ouvir de cabo a rabo todas as versões. São quatro horas de músicas com os covers divididos por músicas. Ou seja: há seis versões diferentes de Enter Sandman em sequência, até que a próxima faixa diferente, Sad But True (que ganhou oito versões) comece a tocar. O maior hit do álbum, Nothing Else Matters, por exemplo, ganhou doze reinterpretações! Por isso, The Metallica Blacklist não é um álbum para ser ouvido da maneira tradicional. O jeito mais divertido é montar sua própria playlist com seus covers favoritos. Ou botar no shuffle (o modo aleatório) e ouvir o que vier.
Em uma brincadeira feita recentemente pela banda no talk show Jimmy Kimmel Live para comemorar os 30 anos de lançamento de Black Album, o grupo topou ler em voz alta as ferozes críticas contra o disco, publicadas três décadas atrás. “Este é de longe um dos crimes mais repugnantes já cometidos contra a música”, diz uma delas. “Encare isso, pessoal, esse álbum é uma merda”, vaticina outra. “Fiquei horrorizado ao ouvi-lo, joguei de uma ponte e vi um caminhão quebrá-lo”, afirma mais uma outra. Talvez os fãs critiquem este novo álbum de covers, mas é preciso coragem para sair da caixinha. E o resultado pode ser surpreendente.