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O clássico da Broadway que deixa o Coringa doido de vez

'Send in the Clowns', canção do compositor americano Stephen Sondheim, é um dos pontos altos da trilha sonora do filme estrelado por Joaquim Phoenix

Por Sérgio Martins Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 22 out 2019, 12h17 - Publicado em 22 out 2019, 12h17

Há vários predicados na trilha de Coringa, filme que até agora arrecadou mais de 737 milhões de dólares. A música original, a cargo da violoncelista islandesa Hildur Guonadóttir, muito inspirada pela dissonância da composição erudita do século XX, reproduz o clima opressivo e constrói a tensão que culminará na explosão de Arthur Fleck, personagem de Joaquim Phoenix; os sucessos Rock and Roll Part 2, de Gary Glitter, e White Room, do power trio Cream, retratam o caos que toma conta do cérebro de Fleck e que posteriormente infecta toda Gotham City. Mas a surpresa é a inclusão de Send in the Clowns, de Stephen Sondheim, o grande compositor de musicais da segunda metade do século XX.

Send in the Clowns fala de “palhaços” no título, porém nunca foi uma composição de temas, digamos, circenses. A música funciona como o gatilho que fará o perturbado Fleck revidar o amontoado de abusos e violências que sofreu desde a infância – e tomar gosto por isso. A composição de Sondheim aparece em duas ocasiões. Primeiro, é cantada por um dos três bêbados que assediam Fleck no metrô. É o gatilho que ele precisava para responder de forma violenta – um ato que terá consequências em toda a cidade. Send in the Clowns volta no final, durante uma conversa com uma psiquiatra. Ali, Flack demonstra que perdeu a fé na humanidade. Uma canção importante que é tocada duas vezes ao longa da projeção e foi usada no trailer.

Criada por Sondheim para o musical A Little Night Music, de 1973, Send in the Clowns foi escrita às pressas. Durante os ensaios, Hal Prince, diretor do espetáculo, achou que faltava uma canção para Desirée, principal personagem feminino da trama. Foi a deixa para Sondheim criar essa que é uma de suas obras-primas. Um dos detalhes curiosos da composição é que Glynis Johns, sua intérprete original, não tinha uma grande extensão vocal. Por isso é que a música é feita de frases curtas, para que ela não precisasse se alongar, e ter tempo de respirar para cantar o verso seguinte – o que lhe dá o tom dramático certo. Inspirada em Sorrisos de uma Noite de Verão, produção do cineasta sueco Ingmar Bergman de 1955, A Little Night Music fala da relação entre nobres e empregados do século XIX. Desirée é uma atriz que tempos atrás rejeitou o pedido de casamento do nobre Fredryk. Quando finalmente se conscientiza de que ele é o amor da sua vida, o encontra unido a uma mulher mais jovem – embora não tenha consumado o casamento. Desirée finalmente se declara para Fredyk, mas este prefere continuar casado. Ela então canta Send in the Clowns, um tema de desilusão. A letra fala de como demorou para reconhecer que ama Fredryk e que agora tem de enfrentar as consequências de sua negativa. No universo do circo, “chamem os palhaços” é o termo usado para qualquer desastre que aconteça no picadeiro – os bobos entram para disfarçar a plateia sobre o que acaba de correr. Portanto, quando Desirée canta “send in the clowns”, ela pede conforto para atenuar a tragédia que tomou conta de sua vida.

A canção é uma das raras canções de Stephen Sondheim que se tornaram standards, ou seja, clássicos do repertório americano. O primeiro estouro nas paradas se deu com a cantora Judy Collins, em 1975. Ela seria gravada por centenas de artistas, como Frank Sinatra (a versão que está em Coringa), Renato Russo e até Barbra Streisand, que ganhou de presente um verso adicional da própria pena de Sondheim. A minha predileta, contudo, é a de Bernadette Peters, decana da Broadway, que viveu Desirée na versão de 2010 – e que tive o prazer de assistir. Ela traz a decepção de Desirée em cada verso, em cada soluço (sim, ela solução de dor e tristeza), em cada sílaba. Nem Arthur Fleck faria melhor.

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