Luiza Pop
Cantora lança disco dançante com produção de Rodrigo Gorky. Me deu até orgulho de ter salvado a vida dela e da mãe quando trabalhava como segurança de aeroporto
Quando eu trabalhava de segurança do aeroporto de Congonhas, fui abordado por um sujeito desesperado, dizendo que eu tinha de “salvar uma vida” (sim, o termo foi esse). Ele queria que a mulher e a filha dele saíssem por qualquer outra porta que não fosse a do desembarque. Me lembrei do portão C, que ficava ao lado do desembarque e que normalmente era usado por tripulantes e pelas pessoas que trabalhavam no pátio do aeroporto. O meu ato de bravura, no entanto, foi beeem tímido. Quando cheguei para resgatar as pessoas, vi que elas eram a cantora Zizi Possi, sua filha Luiza e uma babá. Só levei o grupo até o portão C. O pai me agradeceu e fui até o desembarque para descobrir o motivo de tanto medo. Pois era nada menos que a cantora…. Bem, deixa pra lá, já se passou tanto tempo…
Uma das minhas historietas dos meus tempos de aeroporto (que durou de setembro de 1987 até abril de 1990), eu só a contei para Luiza no ano passado, durante um jantar, embora fazia um tempo que a gente se conhecia. Me lembro de termos sido apresentados quando ela era contratada da Indie Records (de propriedade de seu pai, Liber Gadelha, o tal sujeito desesperado do aeroporto). Mais tarde, eu a entrevistei para uma matéria sobre cantoras de MPB – e Luiza ficou de fora da seleção final. O encontro daquela noite foi importante porque era também um encontro dela com dois jovens produtores nos quais eu apostava muito. A gente tinha me falado sobre sua trajetória como cantora. Na minha opinião, o talento de Luiza era ofuscado pela falta de foco em seus trabalhos. Ora ela saía como cantora para público adolescente, ora tinha pretensão de virar diva da MPB, ora resvalava no brega. Perguntei então o que gostaria de fazer e Luiza me revelou que gostaria de fazer música pop. Cada um dos produtores deu a ela uma sugestão do que poderia ser feito. Ela conversou com os rapazes, pensou bastante e optou por Rodrigo Gorky, do Bonde do Rolê e do Fatnotronic. Pessoalmente, vibrei com essa escolha porque nas conversas e almoços que tive com Gorky conheci um grande especialista em música, muito além dos trabalhos que ele faz com o Bonde.
A primeira parceria de Luiza Possi e Rodrigo Gorky foram as colaborações no Lab LP, programa que ela tem no YouTube. Gorky ajudou na produção de um especial dedicado à “sofrência”. No repertório, canções de Pablo e Nara Costta, dois ícones do arrocha, e Eu Não Sou Lixo, obra-prima de Evaldo Braga.
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E durante as conversas que tive com Luiza, também tinha me falado de Meu Amor Mora no Rio, canção do compositor paulistano Pélico. Para mim, era um pop de altíssima qualidade. Depois, nunca mais tive notícias de Luiza e de Gorky. Em janeiro deste ano, fui avisado de que LP, primeira parceria deles, estava pronto e seria lançado em março. Ganhei de presente Insight, música do cantor e compositor paraense Jaloo, que seria o primeiro single do álbum.
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LP já está nas lojas virtuais e deve ganhar uma versão física até abril. Por motivos éticos, não tecerei comentários sobre o disco no blog e muito menos na revista. A única coisa que me permito dizer é que, embora ache que exista uma ou outra falha, é um bom indício de que a parceria de Luiza e Gorky deu liga. E se ela manter essa linha certamente fará um disco à altura de sua voz. A ausência de comentários, no entanto, não me impediu de fazer uma entrevista divertidíssima com Luiza Possi no Curso Abril de Jornalismo, onde também foi inquirido por alguns alunos do curso. O vídeo pode ser assistido abaixo. Ah, ela gravou Meu Amor Mora no Rio e ficou um arraso.
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