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Viviane Mosé explica como poesia e política combinam

Poeta, filósofa, psicóloga e psicanalista conversou com coluna sobre novo livro

Por Giovanna Fraguito 13 out 2024, 16h00

Meu braço esquerdo: Um sim à vida (Grupo Editorial Record), este é o novo livro da poeta Viviane Mosé. A obra, de poesia autoficcional, é uma investigação filosófica que aborda temas como separação, solidão, relação com o filho, amor romântico, e traz uma mensagem sobre aprender com a vida apesar dos sofrimentos. Viviane, além de poeta, é filósofa, psicóloga e psicanalista. Especialista em elaboração de políticas públicas pela Universidade Federal do Espírito Santo, e mestre e doutora em filosofia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Com onze livros publicados, ela conversou com a coluna GENTE sobre a nova obra, saúde metal e cenário atual da política brasileira.

Seu livro “traz uma mensagem sobre aprender com a vida apesar dos sofrimentos”. Por que focou neste objetivo ? O sofrimento é um tema que eu trabalho muito, e que a gente em geral não quer lidar de jeito nenhum. Mas ele é inevitável, e foi o que trouxe nesse livro. É um livro que mistura relato pessoal, narrativa, com poemas. Na trajetória desse livro, entro no meu próprio sofrimento, de um modo muito honesto, explícito, exposto, com o objetivo de estimular as pessoas a entrarem nos seus também. Quando chego no final da história, que olho para trás e penso: ‘não queria ser alguém que não tivesse passado por isso, ainda bem que eu passei’. O objetivo é esse. O contemporâneo não lida bem com o sofrimento, especialmente por causa de medicações psiquiátricas. Esse livro chama as pessoas a viver suas próprias feridas, suas próprias dores.

Essa afirmação sobre medicamento é sempre polêmica. Você é contra medicação psiquiátrica? Sou bastante contra. As medicações psiquiátricas são extremamente necessárias para um número muito pequeno de pessoas, que precisa de fato do uso da medicação diariamente, como se fosse um remédio para o coração. Isso não tenho dúvida. Mas, entendo como modo de controle social. Pessoas fracas são mais fáceis socialmente. Então existe sim uma busca pelo incentivo ao adoecimento da vida, coisas que seriam naturais, como a perda, são tratadas como doença. A depressão, por exemplo, é muito grave, mas o que se chama depressão hoje é apenas sofrimento. E o sofrimento precisa ser enfrentado, ele abre espaços para você, abre portas, porque às vezes você está sofrendo porque não está conseguindo enxergar a realidade bem. O excessivo uso de medicação psiquiátrica torna as pessoas anestesiadas para o presente.

Atualmente, com as redes sociais e a onda de “coaches”, pessoas sem nenhum tipo de formação dão dicas sobre como se deve levar a vida. O que você pensa desse movimento? A civilização está literalmente desabando sobre nossa cabeça e está nascendo outra. Estamos vivendo uma mudança grave de modelo. E o primeiro modelo de civilização, esse que está caindo, prometeu ao ser humano felicidade com o lucro, com a compra. Só que tudo isso hoje está desabando diante de uma crise ambiental grave. E esses coaches trabalham exatamente com o quê? Vendendo terreno no céu. Vendem para pessoas desiludidas, desencantadas e tudo isso acontece porque as pessoas não admitem sofrer. Então qualquer um que aparece dando uma ilusão, você quer comprar, porque você não quer enfrentar. Mas o seu sofrimento é a sua sensibilidade. Ela é o melhor que você tem. Não é procurar a dor, mas quando ela vem, sentar e oferecer um cafezinho para dizer: ‘o que você quer de mim?’.

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Você trabalha muito a filosofia dentro da poesia, dentro da música. Ela também está dentro da política? Sim, a filosofia está muito dentro da política e cada vez mais. Tem um livro que se chama Política: Nós também sabemos fazer, em que eu escrevo um artigo que se chama O Poder e As Redes. Sem dúvida que vivemos um mundo de imensas transformações, de desabamentos e de construções de coisas novas. E esse é um momento fundamental para a filosofia, porque é preciso repensar o ser humano, é preciso repensar a relação da gente com a natureza. Tudo isso envolve muito a sofisticação do pensamento e a filosofia é a sofisticação do pensamento. Sofisticação não que os filósofos são sofisticados, até são, mas eu digo sofisticação no sentido de que é o exercício delicado, dedicado, é o investimento no pensamento como ferramenta para nos fazer chegar onde a gente quer chegar. A filosofia é anterior à Ciência como pensamento. Ela é o lugar de colocar em questão, é lugar de provocação. Ela é livre. A filosofia é o mais longe que podemos chegar na elaboração de conceitos. Como política a gente precisa muito disso e não tem. Estamos exatamente caminhando para o caminho contrário.

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