Vera Holtz fala sobre aposentadoria: ‘A luz está oscilando’
Atriz tirará férias antes de entrar na produção de nova novela da faixa das 18 horas da Globo

Prestes a fazer 65 anos, idade que completa na próxima segunda-feira, 7 de agosto, Vera Holtz vive o seu auge. Saiu do ar há pouco da TV, depois de viver uma das maiores personagens da carreira, a maléfica Magnólia de A Lei do Amor, novela das 9 da Globo, e ostenta o status de musa da internet, graças às fotos conceituais que publica nas redes sociais. Exausta pela rotina puxada do folhetim, a atriz pediu um ano sabático à Globo, mas logo o recheou de trabalhos no cinema. Enquanto finalizava alguns desses trabalhos, sofreu a perda da irmã, Teresa, vítima de um infarto inesperado. Somado ao cansaço, o luto a fez pensar na aposentadoria. “Penso em parar algum dia. Percebo que a luz está oscilando, mas continuo, por enquanto. Nunca vou trair a minha profissão, se não tiver mais fé nela, pode ter certeza que eu paro”, afirma em uma entrevista exclusiva a VEJA.
Vera tirará férias prolongadas nos próximos meses, depois de ter atuado em cinco filme e uma peça, produzido um documentário e dirigido um espetáculo, tudo neste ano, durante o tal “sabático” — que, de descanso, não teve nada. “Preciso ver o que quero fazer daqui para frente”, explica a atriz, durante a divulgação de Malasartes e o Duelo com a Morte, filme em que vive uma parca (ou moira), personagem da mitologia grega. O longa estreia na semana que vem.
Enquanto não para em definitivo, Vera vai tirar férias prolongadas. Até o fim do ano, deve descansar e viajar. Mas, já no ano que vem, a atriz tem compromisso com a Globo: a novela das seis que entra no ar em março de 2018, depois de Tempo de Amar, que substitui Novo Mundo.
A pausa não acontecerá nas postagens nas redes sociais, atividade que a atriz define como “independente da carreira”. Confira a entrevista completa:
A senhora vai mesmo tirar férias prolongadas? Sim. Trabalhei muito na TV ultimamente e por isso tinha pedido um sabático à Globo. No entanto, acabei gravando os filmes Malasartes e o Duelo com a Morte, Maresia, TOC e Berenice Procura. Além disso, produzi o documentário As 4 Irmãs, dirigi o espetáculo Um Pai (Puzzle) e atuei na peça O Timão de Atenas. Depois, cheguei à conclusão de que tinha que aprender a parar. A novela das nove exige muito, porque você trabalha o dia todo, e, durante A Lei do Amor, percebi que a exposição era muito grande e eu preferia ficar mais quieta. Quando terminou, senti que precisava ver o mundo um pouco de fora. Tenho 65 anos de idade e preciso ver o que quero fazer daqui para a frente. Isso coincidiu com a morte da minha irmã, há três semanas. Quando Teresa foi embora, percebi que precisava aprender a aquietar e pensar em como quero envelhecer, como quero viver o meu último tempo. Tudo isso é em um sentido filosófico, não é nem em questão religiosa.]
Pensa em se aposentar ? Sim. Penso em parar algum dia. Acho que não podemos perder a fé na nossa produção. Percebo que a luz está oscilando, mas continuo. Nunca vou trair a minha profissão, se não tiver mais fé nela, pode ter certeza que eu paro.
Pensa em parar com as postagens nas redes sociais também? O que eu faço nas redes sociais é uma coisa que me vem à cabeça, então é independente da minha carreira. De vez em quando, eu vou postando algumas fotos.
Como é a sua relação com o público jovem hoje? A internet me aproximou muito do público e lá encontrei a minha turma. Um dia entendi que queria usar as redes sociais como suporte de criação, sobre questões do cotidiano. Faço um exercício diário para conhecer o mundo e como o homem pensa. Gosto de ver como as pessoas estão se comunicando, até quem fala que me odeia, porque é um jeito dela se expressar também.
Quando voltará para a televisão? Eu faço a próxima novela das seis, logo depois de Tempo de Amar, do Jayme Monjardim. Entramos em pré-produção no final do ano e começamos a gravar em janeiro, para estrear em março.
Já sofreu algum tipo de preconceito na televisão por conta da idade? O Brasil é um país jovem e os diretores também são muito novos. Houve uma revolução no mercado audiovisual. Hoje, é possível fazer um filme pelo celular. Ainda sou chamada para fazer papéis como de psicóloga ou diretora do colégio, mas eu falo que não tenho mais idade para isso, porque estaria aposentada. Os papéis diminuem para mim, porque os diretores já são outros e às vezes nem te conhecem, isso é óbvio. Aí você vai virando uma figura mítica na indústria.