Antes de se tornar a vilã Vanessa na novela Todas as Flores, de João Emanuel Carneiro, do Globoplay, Letícia Colin protagonizou o longa A Porta ao Lado, que estreou no Festival do Rio, seguiu para a Mostra de São Paulo e acaba de estrear nos cinemas. A atriz, de 32 anos, interpreta Mari, uma jovem que vive casamento estável há vários anos. Mas suas escolhas são abaladas quando ela se aproxima dos novos vizinhos, adeptos de relacionamento aberto e sem filhos. Casada com o ator Michel Melamed e mãe de Uri, de 3 anos, Letícia explica por que não conseguiria ter uma relação aberta na vida real.
Sobre A Porta ao Lado, que cena que mais mexeu com você? Uma das minhas favoritas é o encontro dos dois casais, durante jantar onde os quatro se alfinetam. Os casais trocados se cortejam, flertam. Essa cena tem muita coisa, tem muita tensão, suspensão, um mistério do que vai acontecer, do quanto cada um deles sabe da vida do outro, da vida secreta. Gosto muito dessa atmosfera misteriosa.
Por que escolheu essa cena? A minha personagem está com expectativa muito grande, tem medo. O outro casal acabou de saber que estão grávidos, e eu não sei se estão gostando muito dessa notícia. Então os casais estão com alguma coisa oculta, que pode ser revelada a qualquer momento.
A história fala sobre relacionamento aberto. Já viveu algo assim? Não, nunca vivi, mas sou totalmente a favor. Conheço pessoas que se relacionam e têm relacionamentos duradouros. Nenhum formato garante a eternidade e nenhum formato é mais fácil do que o outro. Relacionamento aberto é tão difícil e desafiador quanto relacionamento convencional, não há atalho, tudo tem seus prós e contras.
Viveria algo assim com o Michel? Acho que não, estamos bem assim, temos prazer na companhia um do outro e estamos juntos há 7 anos, com filho. Dá para a gente reinventar a nossa relação muitas vezes. O par dá para se renovar, se reinventar, vou mais por esse caminho.
O filme também trata de observar outras relações. Até que ponto é saudável comparar a “grama do vizinho”? Somos seres sociais, estamos o tempo todo sendo espelhados, refletidos pelas relações sociais. É normal que a gente se compare, para ter até uma referência, de si mesmo, do que se quer, para onde vai. A gente vai criando opinião a partir das histórias que a gente vive, das pessoas que nos cercam. As histórias alheias inspiram a gente, provocam a gente. Sou um ser permeável, a vida me afeta. E isso é muito bom, porque a parcela da população que não se afeta diante da barbárie, da violência, da falta de amor é o que assusta. O bom e o normal é ser afetado pelo que se vê. A partir daí a gente vai fazendo escolhas. O desejo não é um veredito, você tem escolhas diante dele.
Você se angustia pela busca da felicidade num relacionamento perfeito? Essa busca pela perfeição é muito infantil e nós somos infantilizados, até porque é difícil crescer. Agora, se você é adulto, não tem como separar a parte difícil, a parte complexa, a parte dos ciúmes, da inveja, isso a gente não consegue eliminar da vida. O que consegue é fazer boas escolhas diante de sentimentos. E é por isso que se chama vida, se fosse perfeita, se chamaria ilusão, sonho.
Você foi indicada ao Emmy como melhor atriz pela série Onde Está Meu Coração. Essa indicação é um cala-bola por ter ficado de fora do Melhores do Ano na Globo, em 2021? Foi maravilhosa a indicação, uma surpresa gigante e agora malas prontas para New York! Mas não, nem me lembrava que esse mesmo personagem (foi rejeitado) para os Melhores do Ano. Cada votação, cada prêmio tem um recorte, o tipo de público que vota…
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