Regina Casé tem uma coleção de personagens humildes – empregada doméstica, babá, arrumadeira, diarista… Agora ela é milionária. E má. O desafio pode ser acompanhado no Globoplay, com Todas as Flores, trama de João Emanuel Carneiro. Em conversa com a coluna, a atriz repercute a declaração do ex-presidente Lula (PT), que citou o filme Que horas ela volta?, como exemplo do cenário educacional na época do seu governo.
A sua personagem seria eleitora do Bolsonaro? Eu gravei hoje num prédio, que pretensamente é dela, e realmente, olhando assim de fora… Acho que sim. Pelo lugar, o bairro da Barra da Tijuca (local que concentra muitos eleitores de Bolsonaro). Mas ela também tem uma origem muito humilde, que talvez leve ela para outra coisa.
Você tem uma série de personagens humildes. E agora uma milionária… Sim, verdade. Eu fiquei pensando, em quem que a Dona Lurdes (personagem em Amor de mãe) votaria, em quem que a Val (personagem de Que horas ela volta?) votaria… Em quem, todas essas personagens, uma pernambucana, outra baiana… Achei interessante que a vida tenha me colocado nesse caminho e agradeci.
Está ansiosa para domingo? Estou animada, apavorada, nervosa, ansiosa, acordando de noite, mas, como todos os brasileiros, eu acho. É uma decisão importante, a gente tem que manter a democracia antes de tudo, não estão em jogo candidatos, está em jogo a democracia.
Recentemente, Lula mencionou seu filme Que Horas Ela Volta?. O que você achou disso? O que ele falou é exatamente o que o filme diz, que a educação é a grande transformação social. No momento que a filha da empregada está competindo de igual para igual na faculdade com o filho da patroa, há uma transformação em curso. É isso que eu quero, é isso que a gente quer.
Gostou dessa lembrança do ex-presidente? É um trabalho que teve uma importância enorme, retratou um momento do Brasil com uma clareza, uma oportunidade de chegar ali naquele momento. Fiquei honrada com essa citação, porque houve alcance no mundo inteiro. Fiquei muito feliz em fazer a Val, uma babá, e a Dona Lourdes, uma empregada doméstica. E que até hoje tenha feito dezenas de mulheres brasileiras, que criam seus filhos sozinhas.