No emblemático verão de 1985, quando o Rock in Rio abriu as portas pela primeira vez, ele orgulha-se de dizer: “Eu fui”. Quando o festival voltou a acontecer na capital carioca, em 1991, de novo estava lá. Ao fincar suas estacas em Portugal pela primeira vez, há 18 anos, marcou presença. Em 2008, quando estreou na Espanha em meio ao processo de internacionalização da marca, também passou pela roleta. Agora, na 9ª edição do evento em Lisboa, que aconteceu no fim de semana passado e continua neste, claro, é figurinha certa todos os dias. Nascido no Rio de Janeiro e morando há 21 anos em Lisboa, o analista de sistemas Leonardo Cruz, de 60, é considerado o fã número 1 do Rock in Rio.
Das 21 edições do evento, incluindo a atual em solo português, ele só não pode ir a três – a de Las Vegas e as de 2017 e 2019 no Rio de Janeiro. “Sou completamente apaixonado. O festival é um encontro de energias boas, a gente esquece os problemas do lado de fora do portão”, descreve o veterano de shows. Para conseguir ir a tantas edições, Cruz sempre procura tirar férias ou folgas na época. Com tantas idas ao Rock in Rio, o que não falta ao carioca são histórias saborosas. A primeira delas diz respeito justamente a sua estreia, há 37 anos. Nas semanas que antecederam o evento começaram a pipocar notícias sobre uma profecia de Nostradamus, segundo a qual poderia haver naquele ano um grande acidente num encontro de jovens na América do Sul. Com receio, perdeu o primeiro dia de apresentações. Como o boato não se concretizou, caiu na festa no dia seguinte. “Até hoje não sai da minha cabeça o público fazendo coro com James Taylor em You’ve got a friend”, lembra.
Como um autêntico fã número 1 do Rock in Rio, Cruz guarda todos os bilhetes dos shows que esteve presente como troféus. E, a cada edição, compra uma camisa de lembrança do evento. Como não podia ser diferente, sempre que vai ao festival está vestindo uma delas. Foi assim quando a festa estreou em Lisboa, em 2004. Na ocasião, chegou a chorar ao ver a baiana Ivete Sangalo abrir uma das noites. “Até hoje me impressiono com o nível de qualidade do evento. Costumo ir quando os portões se abrem e faço questão de ver cada detalhe”, conta o analista de sistemas.
Em seu “currículo” de Rock in Rio, orgulha-se de ter ido a dois shows da cantora britânica Amy Winehouse, que morreu em 2011. Ele lembra que no ano antes, durante sua apresentação na edição portuguesa do evento, a estrela demorou 1h30 para entrar no palco. Os rumores deram conta que o motivo seria a sua dependência química. Também em 2010, teve a chance de ver um show espetacular da britânica em Madrid, na Espanha. Entre todos os espetáculos que assistiu, no entanto, destaca a apresentação do Guns N’ Roses, banda americana da qual é muito fã, em 2001, em solo carioca. Como já declarou o próprio idealizador do festival, Roberto Medina, Cruz também sonha em ver Lady Gaga em cima do Palco Mundo – em 2017, em cima da hora, a cantora cancelou seu show no Rio por motivos de saúde.
Este ano, Cruz ainda não sabe se terá a chance de estar na edição carioca do Rock in Rio, em setembro. “Os ingressos esgotam muito rápido no Brasil e as passagens aéreas estão uma fortuna”, lamenta o fã, vivendo em Lisboa desde 2001. “Mas se tiver a chance, vou correndo”, completa.