Quem, antes de Lula, já se envolveu em polêmicas sobre o Holocausto
Políticos e artistas já fizeram comparações erradas, piadas de mal gosto e uso de símbolos de violência
A fala do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) comparando as ações militares de Israel na Faixa de Gaza ao Holocausto contra judeus da Segunda Guerra Mundial teve ampla repercussão no Brasil e no exterior. O comentário fez o governo de Israel declarar Lula persona non grata no país e o governo brasileiro convocar de volta ao país o embaixador situado na capital Tel Aviv. Porém, o político não foi o primeiro a falar de forma polêmica sobre o assunto sensível.
O próprio primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, que fez duras críticas às declarações de Lula, já se pronunciou de forma controvérsia. Em 2015, disse que um ex-líder islâmico convenceu Hitler a matar os judeus. “Hitler não queria exterminar os judeus naquela época. Ele queria expulsá-los. Haj Amin al-Hussein foi até Hitler e disse: ‘se você expulsá-los, eles virão para cá’”, disse Netanyahu. Na época, as autoridades palestinas afirmaram que ele estava absolvendo Hitler pelo extermínio dos judeus para passar a culpa aos muçulmanos.
Durante a pandemia, comparações entre medidas anti-Covid e o Holocausto foram impulsionadas principalmente por bolsonaristas no Brasil. Em relatório no Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto, de 2022, autoridades falaram em risco de “apagamento” da memória dos milhões de judeus mortos pelos nazistas por analogia. O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), durante um encontro com evangélicos no Rio de Janeiro em 2019, falou que era possível “perdoar” o crime dos nazistas contra a humanidade. “Fui, mais uma vez, no Museu do Holocausto. Nós podemos perdoar, mas não podemos esquecer. E é minha essa frase. Quem esquece seu passado está condenado a não ter futuro. Se não quer repetir a História, que não foi boa, vamos evitar com ações e com atos para que ela realmente não se repita daquela forma”, disse o ex-presidente, que causou revoltas à época.
Além de políticos, no mundo do entretenimento, outros tantos nomes também já se envolveram com polêmicas ao citar a palavra “Holocausto”. O comediante Jimmy Carr, no seu especial de comédia de 2022, provocou indignação no público. “Quando as pessoas falam sobre o Holocausto, falam sobre a tragédia e o horror de seis milhões de vidas de judeus, perdidas na máquina de guerra nazi. Mas nunca falam sobre os milhares de ciganos que foram mortos pelos nazis. Nunca ninguém fala sobre isso, porque nunca ninguém quer falar sobre a parte positiva”, disse o britânico, bastante criticado.
A atriz Gina Carano foi demitida da série The Mandalorian após comparar a situação política dos Estados Unidos em 2021 com o período do Holocausto. Ela reclamava da “retaliação” sofrida pelos apoiadores de Donald Trump após a invasão do Capitólio, no início daquele ano. Pegou mal.
A atriz Whoopi Goldberg, afirmou em 2022, durante o programa The View, da emissora americana ABC, que o Holocausto “não foi sobre raça”. Sua justificativa era de que a questão racial não poderia ser considerada um dos pilares do genocídio, por envolver “dois grupos de pessoas brancas”. Depois da repercussão negativa, ela pediu desculpas por meio de um comunicado. Até Roger Waters, uma voz política ativa, precisou rebater críticas no ano passado por subir ao palco em Berlim vestindo traje nazista – que tanto remete ao Holocausto. O artista disse no X que sua performance foi uma “evidente declaração em oposição ao fascismo”.
Em 2005, príncipe Harry em fase rebelde precisou pediu desculpas por ter usado um uniforme nazista com uma suástica na festa à fantasia de um amigo da universidade. A foto do príncipe com a tarja nazista na capa do tabloide The Sun gerou polêmica na Grã-Bretanha mesmo antes de chegar às bancas. O tema foi retratado recentemente na última temporada de The Crown.
Voltando ao Brasil, o youtuber Bruno Aiub, conhecido como Monark, foi desligado do próprio canal, Flow Podcast, após defender a existência de um partido nazista no país durante uma entrevista em 2022. A repercussão nas redes veio pouco tempo depois das suas impróprias falas e o assunto também virou alvo de repúdio de autoridades e comunidade judaica.
O apresentador Danilo Gentili, 2011, precisou se retratar após uma “piada” – ele comparou uma discussão sobre metrô de Higienópolis, em São Paulo, na época, com os campos de concentração de Auschwitz. “Entendo os velhos de Higienópolis temerem o metrô. A última vez que eles chegaram perto de um vagão foram parar em Auschwitz”. Ninguém de bom senso acharia graça.