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Por trás do linchamento virtual de Pugliesi: ódio, likes e algoritmo

Busca pelo nome dela supera Neymar e foi igual ao de Luan Santana em dia de live

Por João Batista Jr. Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 30 abr 2020, 17h35

Gabriela Pugliesi errou ao dar uma festa durante a pandemia e falar uma frase absurda (“f***-se a vida”) depois de ter contraído e se recuperado da Covid-19. Foram aviltantes as cenas de aglomeração e descaso, em meio a orientações de isolamento para contar uma doença que empilha corpos ao redor do mundo. Assim como vamos ao mercado e à farmácia com máscara no rosto e álcool em gel no bolso para evitar o pior, seus patrocinadores quebraram contratos com a influenciadora para não serem contaminados. Ela, por sua vez, saiu de cena ao suspender sua conta no Instagram (um recurso para estancar a sangria de seguidores perdidos, mais ou menos como acontece na bolsa de valores). Assunto encerrado, certo? Não. O tribunal das redes sociais quer mais. Mas o que seria mais?

A festa aconteceu na madrugada de sábado para domingo, dia 26, com desdobramentos de perda de patrocínio sentidos na segunda, 27. Nada mais natural o interesse pelo assunto, com o agravante da mulher famosa por pregar um estilo saudável ter comportamento antagônico. Em tempos de pandemia, qualquer coisa ligada ao tema tem repercussão. Até aí, tudo certo. Mas o que explica o linchamento virtual? A mãe de Gabriela foi atacada em sua conta no Instagram, amigas dela que não foram à festa acabaram cobradas a dar explicações e o nome dela passou a ser alvo de xingamentos absurdos. O Twitter, o grande coliseu da sociedade moderna, virou um descarte de agressões. Mas a troco de quê?

Pugliesi e Luan
Pareada com Luan Santana: busca pelo nome da influenciadora foi igual ao do cantor em dia de live (Reprodução/VEJA)

Sem cantar, atuar ou jogar futebol, a mulher que tem o exercício look do dia como essência de seu ganha-pão passou a ser um dos termos mais buscados no Google no Brasil. Pugliesi superou em buscas Neymar (138 milhões de seguidores no Instagram) e Anitta (46,5 milhões). No domingo, 27, o nome da influenciadora foi o quarto termo mais buscado do Google no Brasil, à frente do astro Luan Santana, que fez um aguardado show via streaming na data (o Google não divulga números precisos, mas informou que ambos tiveram mais de 200 000 buscas no dia).

Para além da revolta natural gerada pela festa, o linchamento virtual se dá pela tabelinha “cancelamento + algoritmo”. Quanto mais alguém posta algo sobre ela, sobretudo em tom jocoso ou agressivo, mais relevância terá. Em outras palavras: arremessam pedras para ganhar likes e seguidores. É pura matemática.

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O episódio gerou frutos, como acontece na dinâmica de rede social. Marcelo Adnet fez um vídeo-sátira hilário com as frases e trejeitos de Gabriela, nada mais natural para um humorista que capta como pouco o espírito dos tempos. O tuíte do Adnet com o vídeo, aliás, causou mais engajamento que o habitual: 70.000 likes e 7.765 retuítes. Mas o que dizer do caso ir parar em propaganda de bebida alcoólica? Na quarta, 29, a Cervejaria Rio Carioca lançou o slogan: “Gabriela, é Covid-19. Não convide 19 pessoas pra sua casa”. Se era para ter graça, não rolou.

Pugliesi Anita e Neymar
Linchamento virtual: mais buscas pelo nome da influenciadora do que pelos nomes de Neymar e Anitta (Reprodução/VEJA)

No tribunal das redes sociais, não existe dosimetria das penas. No direito criminal, um homicídio qualificado tem punição mais severa que um roubo. Nas leis de trânsito, jogar uma latinha da janela do carro é diferente de ultrapassar um sinal vermelho, que é diferente de atropelar alguém. Cada crime, delito ou infração é punido de uma forma, com uma dose. Na rede social, tudo desce no gargalo: um mesmo erro acaba sendo julgado e punido de formas bastante variadas por milhares de pessoas diferentes. Sem falar que, no júri comum, inexiste advogado ou promotor chamando uma ré de “vaca” de forma aleatória. Sozinha, a pessoa passa a não responder apenas pelos absurdos que fez, mas por tudo o que representa – ou seja, paga à vista, no débito, por todos os questionamentos de sua categoria.

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Gabriela Pugliesi conhece muito bem o jogo das redes sociais. Ela fez de sua vida e comportamento um negócio altamente lucrativo. Entende que os deslizes, pequenos ou grandes, podem ganhar uma proporção gigantesca. Ela pediu desculpas sobre a questão da festa, mas só o tempo vai dizer se vai conseguir convencer. Ao patrocinador que se incomodou, cabe desfazer a parceria. Ao seguidor, clicar em “unfollow”. Mais que isso, não tem sentido.

Pugliesi e Thelma
Busca pelos nomes de Pugliesi e Thelma, a vencedora do BBB: atacar rende likes e novos seguidores (Reprodução/Divulgação)
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