Quando saiu da prisão temporária, no fim de junho, Sara Winter tinha dois planos: viver de likes e ganhar dinheiro. A monetização dela se daria de duas formas: por meio de remuneração de vídeos publicados em seu canal no YouTube e como, abre aspas, “consultora de assuntos políticos para pessoas e empresas”. Por pedido de Alexandre de Moraes, responsável pelos inquéritos do financiamento de fake news e de manifestações contra a democracia, o YouTube não remunera mais os vídeos de Sara Winter. Ela recebe zero centavo se tiver uma ou um milhão de visualizações em determinada publicação.
A outra frente também naufragou. Ao contrário do que pensava, ela não foi contratada para prestar consultoria política para ninguém pela total ausência de demanda. A prisão, assim, foi um tremendo fracasso estratégico. Sara está à míngua e sem fontes de renda, com dificuldades de saldar o próprio aluguel. A ativista e líder do grupo 300 do Brasil tem se mantido com doação de apoiadores e venda de livros.
Os advogados de Sara tentam obter autorização judicial para que ela possa deixar o apartamento de Brasília onde cumpre medidas cautelares. Ao ver seu CPF implicado em pedido de auxílio emergencial, Sara entrou com pedido judicial — e conseguiu — para registrar um Boletim de Ocorrência em uma delegacia. Seu advogado explica que a medida se deu para provar que sua cliente teria sido vítima de uma fraude e não requisitou ajuda do governo durante a pandemia.