Nesta segunda-feira, 20, Adriane Galisteu quebra um jejum de sete anos sem pisar na Avenida. Será uma das ex-rainhas de bateria da Portela a retornar à Sapucaí, numa homenagem ao centenário de sua antiga escola de samba. Ao lado de Luiza Brunet e Sheron Menezzes, Adriane virá junto aos ritmistas da azul e branca de Madureira. Em conversa com a coluna, a apresentadora – que também é musa do camarote Allegria – fala da paixão pela folia, da companhia do filho Vittorio no desfile e sobre política.
Como é voltar para a Sapucaí? Eu estava de férias com meu filho, quando toca o telefone. Era a rainha de bateria da Portela, Bianca Monteiro, me convidando para comemorar o centenário do lado dela na bateria. Já senti ali meu coração disparar… Como eu vou falar ‘não’ para um troço que amo? Foram 18 anos de Marquês de Sapucaí e um ano de São Paulo. Quando parei de desfilar, não quis nem ver pela TV, porque era difícil ver de longe.
Por que não via pela TV? Quem gosta de carnaval, não pode ver uma pena passando que fica desesperada. Então apagava o carnaval da minha cabeça.
O que representa desfilar pela Portela? Foi a primeira escola que desfilei na Avenida. Em 1997 saí em carro e já me apaixonei. No ano seguinte, viria no carro de novo, mas pegou fogo e tive que descer para o chão. E do chão nunca mais saí. Até ser convidada para ser rainha de bateria ao longo de sete anos.
Acha muito diferente o carnaval do Rio em relação ao de São Paulo? A maior diferença talvez seja o sambódromo. No Rio você fica mais perto das pessoas, se a rainha der três passos, dá a mão para quem assiste. Em São Paulo, você não chega nas pessoas. E o Rio é mais quente, essa coisa que a gente não consegue explicar.
Você recebeu o convite há três semanas. Como dará conta? Estou dando meu jeito. Foram poucas semanas para se preparar e a demanda do carnaval é enorme. Graças a Deus tenho amigos. Fernando Pires, por exemplo, fez uma sandália em 24 horas! Se não desse tempo, falei: ‘tudo bem, vou de tênis’.
E a fantasia? Pelo tempo que eu tive, se bobear vou com uma pena na frente. Mentira (risos)!
Qual é a maior diferença que sente nesse retorno? Agora eu tenho emoção dobrada de voltar para a bateria e trazer meu filho do meu lado, ele vem de diretor. Até ontem o Alexandre (Iódice) falou: ‘Será que ele vai aguentar?’. Eu liguei para ele na madrugada e falei: ‘Filho, a mamãe está saindo agora (do ensaio) da Avenida, duas da manhã’. Será que você vai aguentar?’. E ele: ‘Vou, mãe’. Eu falei: ‘Você vai ajudar a escola a andar direitinho?’. Ele está animado: ‘Eu vou fazer todo mundo cantar o samba’. Em casa só toca o samba da Portela, ele está todo animado.
Como é o dia do desfile? O que faz? Na semana eu treino bastante e no dia eu acordo tarde e como pouco, uma massa com molho de tomate lá pelas cinco horas da tarde. Só como de novo depois de desfilar. É um dia de descanso. Evito foto, telefone…
Você se tornou especialista em realities shows, já apresentou vários. É fã do formato? Se perco um dia, já fico louca. É igual novela, todo dia tem que ver.
Opina na seleção dos participantes de A Fazenda? Nem fico sabendo. E quer saber? Eu acho bom, porque o que mais ouço é ‘Pelo amor de Deus, me leva para A Fazenda’. Você não tem ideia! Apresentar é a minha vida. É a minha gasolina, é o que eu sei fazer.
Sentiu o peso de substituir Marcos Mion? Quando estreei, tive pela frente um desafio enorme, substituir o Mion, que agora está brilhando na Globo. Eu queria evitar comparações, encontrar meu tom, o que demorei um pouquinho. Mion conversou muito comigo.
Como está vendo esse início de governo? Eu fico muito triste do quanto o Brasil rachou. E isso representou, inclusive no reality, a gente viu uma Fazenda rachada em dois grupos. E a gente está vivendo isso no mundo real, acredito que um reality é a continuação do que a gente vive em sociedade. É duro a gente olhar para o espelho, nunca foi fácil olhar para o espelho!
E o que você vê nesse “espelho” de nação? Fiquei com vergonha do que a gente viveu (os atos terroristas de 8 de janeiro), afinal de contas (a democracia) é para o bem da nação, não dá para pensar daquele jeito. Posturas estranhas de não aceitação, de gente lutando contra. Se já é difícil nadando a favor, nadando contra o país é um tiro no pé. O que a gente tem que fazer é torcer para tudo dar certo, estar de mão dada.
Qual é a sua postura política? De maneira geral, ponho todos os políticos no mesmo saco. No final das contas eles olham para o umbigo deles, uns fazem um pouquinho mais pelo povo, outros fazem menos. Eu não entendo direito quais as músicas que tocam em Brasília, o que as pessoas precisam dançar. Então não confio muito em ninguém.
Está mais realista ou esperançosa? Estou mais realista do que esperançosa, até porque o dólar do jeito que está…