Papa Francisco era de esquerda? 5 frases que ajudam a desvendar polêmica
Pontífice morreu aos 88 anos nesta segunda-feira, 21

Num mundo cada vez mais polarizado – e não só no Brasil, país com o maior número de católicos do mundo – o debate sobre a orientação política de papa Francisco sempre esteve presente além dos limites dos altares religiosos. Apesar de nunca ter falado abertamente se era de esquerda ou de direita, o pontífice, que morreu nesta segunda-feira, 21, deixou bem clara sua convicção em relação aos mais necessitados.
- “Como eu gostaria de uma Igreja pobre… e para os pobres”. Quando o cardeal foi eleito papa, enviou uma mensagem clara ao mundo de que queria uma Igreja mais austera, que servisse aos mais necessitados.
- “Em vez de justiça social, spray de pimenta”. Francisco deixou evidente que estava por dentro do que acontecia em seu país de origem, a Argentina, em meio ao caos econômico e protesto nas ruas.
- “Quem pensa em construir muros e não em construir pontes não é cristão”. Quando Donald Trump iniciou sua primeira campanha presidencial, prometeu construir um muro na fronteira entre os EUA e o México para impedir que migrantes cruzassem o país. Francisco assim se colocou de forma direta contra a ideia.
- “Ontem, crianças foram bombardeadas. Isto não é uma guerra, é crueldade”. A guerra em Gaza chamou a atenção do papa Francisco desde o início de seu pontificado.
- “Se uma pessoa é gay, busca o Senhor e tem boa vontade, quem sou eu para julgá-la?”. Essa é uma das frases que mais reações gerou durante seu pontificado, dita após viagem ao Brasil para a Jornada Mundial da Juventude em julho de 2013.
Em trecho da primeira autobiografia publicada por um papa, Esperança, livro de Francisco que chegou às livrarias brasileiras em fevereiro, ele relata quando participou de um comitê socialista em Buenos Aires. Quando cursava química na Escuela Técnica Especializada en Industrias Químicas Nº 12, nos anos 1950, conseguiu um trabalho em um laboratório especializado em indústria alimentícia. A médica bioquímica que o chefiava teve um papel importante em sua formação. Esther Ballestrino de Careaga era ativista de esquerda, marxista. “Essa mulher magnífica foi além: me ensinou a pensar. A pensar sobre política, a bem dizer. Ela me recomendou livros, me incentivava a ampliar meu conhecimento com outras leituras”, revela o papa. Ele passou a frequentar um comitê socialista e ler periódicos de esquerda, como a revista La Vanguardia e o jornal Nuestra Palabra. “Não concordava com tudo mas conversava com ela e me punha a pensar”.