Padre Reginaldo Manzotti sobre guerra de Israel: ‘Não é novo holocausto’
Sacerdote fala a VEJA sobre novo livro, ‘Alma Ferida, Alma Curada’, comenta situação na Palestina e a amizade com outros religiosos-celebridades
A conversa da coluna VEJA Gente desta semana é com o escritor, músico, compositor, cantor e apresentador de rádio e TV, padre Reginaldo Manzotti. Ele já recebeu o apelido de “o padre que arrasta multidões”, por ter celebrado aquela que foi considerada a terceira maior missa do Brasil – as duas primeiras foram celebradas pelos papas João Paulo II, em 1997, e Francisco, em 2013. Considerado fenômeno editorial com mais de 6,7 milhões de livros vendidos, acaba de lançar sua 27º obra, Alma Ferida, Alma Curada. Outro número de sua força midiática: passou a marca de 620 milhões de visualizações no seu canal no Youtube.
Entre os assuntos levantados com Mazotti, além de seu livro, estão a guerra entre Israel e Palestina, a fama de “padres-celebridades”, a benção a casais homoafetivos e a possibilidade de instauração de CPI contra o padre Julio Lancellotti, acusado de comandar uma “máfia de miséria” por ajudar a população em situação de rua.
27º LIVRO. “Acredito que este livro será um fenômeno de aceitação, de presença, de aquisição, porque responde aquilo que as pessoas mais sofrem: problemas de dores da alma. Uma senhora me disse recentemente, quando ela soube do título: ‘adorei porque infelizmente as feridas quando não sangram, ninguém acredita’. E é exatamente isso, esse livro fala das feridas não visíveis, que levam ao profundo sofrimento e adoecimento. A contraproposta é apresentar a cura”.
VIDA DE YOUTUBER. “Podem me considerar um youtuber, mas eu me considero alguém que quer evangelizar, levar a palavra de Deus. Se é pela causa do Reino, estamos nessa”.
LUCROS. “Estamos com 18 anos da obra Evangelizar é preciso, que implica vários canais de televisão, uma TV católica, rádios em todo o Brasil. E dentro da obra, além do anúncio da palavra de Deus, temos a caridade. Concretamente, atendemos 10 mil crianças por mês. Para onde vai tudo isso? Para a obra Evangelizar é preciso. Além do mais, estamos construindo a nossa casa, a Terra Prometida, lugar para acolher as pessoas em Curitiba”.
BÊNÇÃO A CASAIS HOMOAFETIVOS. “Bem quando o Papa Francisco deu o documento (aprovando adição às doutrinas da igreja para permitir que sacerdotes e cardeais abençoem casais homoafetivos), fiquei doente. Mas não teria problemas, sinceramente, de abençoar o indivíduo. Sempre abençoei o indivíduo. E nunca perguntei que aspecto que ele tem de sexualidade”.
LIMITE DA FAMA. “Sou 24h padre, não consigo distinguir. É claro que tem momentos que você está exercendo o seu sacerdócio e momentos que não. Mas o espírito, o interior, tem que ser o mesmo. E sobre a fama, a notoriedade, isso se torna um problema quando me acho famoso, querendo lugares melhores, preferência, direito de furar fila. Isso é um problema. Eu sei que sirvo a Jesus Cristo”.
PADRES FAMOSOS. “Somos todos amigos. Nós nos encontramos de dois em dois meses, almoçamos juntos, somos próximos. Mas existe até um grupo, chamado ‘Grupo dos Padres Cantores’, que mudamos para ‘Padres midiáticos’. Só não entrei em grupo de WhatsApp, sou muito limitado. Se não você não tem paz. Vivo no estúdio gravando”.
CPI DE JÚLIO LANCELLOTTI. “A minha opinião é a seguinte: um homem que recebeu uma ligação do Papa é bem quisto em Roma. Segundo: ele é um homem que faz o bem, que faz caridade, exemplo de altruísmo e de doação. A igreja de São Paulo, pelo que eu li, foi muito sensata, a posição do cardeal Odilo Scherer foi clara. A Igreja não está se omitindo. Todas as pessoas que fazem o bem acabam incomodando, as trevas crescem na ausência da luz”.
GUERRA EM ISRAEL. “O mundo precisa buscar de novo a cultura da paz. É lamentável o que houve pelo Hamas, essa primeira ação que levou a mortes israelenses. É lamentável que haja um grupo de pessoas que tenha por principal objetivo destruir, matar. Sabemos que a questão do Hamas não é só em relação a Israel, é maior. Temos que rezar por um cessar fogo”.
HOLOCAUSTO NA PALESTINA. “Respeito a opinião da autoridade constituída do (presidente) Lula. Não tenho alcance para dizer se ele está certo ou errado. Mas acredito que holocausto é algo muito sério, e não vejo que isso tenha semelhança, não é um novo… Não acho que exista semelhança, não percebo correlação”.