Após 10 anos, Osmar Prado, 76, volta aos teatros. Ele está em cartaz com a peça O Veneno do Teatro, na qual divide o palco Firjan SESI, no Rio, com o ator Maurício Machado. A montagem do espanhol Rodolf Sirera é dirigida por Eduardo Figueiredo e aborda questões como ética e manipulação. Osmar conversou com a coluna GENTE sobre este retorno. Ele nega que exista etarismo na profissão e fala da saída da TV Globo – seu contrato foi encerrado em outubro de 2022, com o fim de Pantanal, além do convite que recebeu e recusou para Guerreiros do Sol.
Com o espetáculo O Veneno do Teatro o senhor rompe um hiato de quase dez anos longe dos palcos. O que o motivou pelo retorno? A motivação é ter sido convidado para fazer uma peça cujo texto é consagrado na Europa, escrito por Rodolf Sirera, um desafio para dois atores, que durante uma hora e 15 discutem questões pertinentes à existência humana contemporânea, consequência também de um passado recente. Fazer teatro é importante quando você tem o que falar. Há muito tempo não encontrava um texto que me motivasse a subir ao palco.
A peça é uma reflexão de questões como ética e manipulação. Ela também se encaixa no recente contexto político brasileiro? Rodolf viveu a ditadura de Franco na Espanha. Foi toda essa experiência de um período nazifascista que a Espanha foi submetida ao crivo “das botas”. Evidentemente, nossa vivência recente do governo passado nos remete também à importância de montar-se O Veneno do Teatro. Já que felizmente conseguimos derrotar os componentes da última gestão e trazer de volta o presidente Lula.
Seu contrato com a Globo foi encerrado em outubro de 2022, logo depois do fim de Pantanal. Como foi? Tive várias saídas e vários retornos. Quando chegamos ao final de Pantanal, como o contrato era por tempo determinado, podia ser renovado ou não. Fui comunicado pela direção que não seria renovado, que passaríamos por obra certa. Isso, de um ponto de vista puramente dentro da lei, estava previsto. Não existe nada anômalo. Mas sempre me preparei ao longo desses anos todos para contratos determinados e nunca definitivos. A minha profissão sobrevive na insegurança. Se quisesse segurança, pleiteava um lugar no Banco do Brasil.
Por que recusou o convite de Guerreiros do Sol? Ficou alguma mágoa? Não tive decepção. Fui convidado pelo diretor Rogério Gomes, que dirigiu Pantanal, para fazer a minissérie Guerreiros do Sol. Li o texto, concordei em fazer, tivemos uma primeira reunião. Quando fui para a reunião da questão econômica financeira, a discussão de valores para o contrato por obra certa, uma funcionária da Globo me ligou, a gente negociou e não aceitei, não chegamos a um denominador comum. Portanto recusei o trabalho. Não queria trabalhar por aquele valor. E como posso e tenho condições de dizer não, eu disse não.
Voltaria a participar de outros projetos na Globo? Absolutamente, não houve um rompimento de laços.
Como vê essa onda de remakes da emissora? O remake é ótimo, Pantanal foi excelente. Muitas vezes o remake fica aquém do original, e conseguimos ir um pouco além da primeira versão, que foi da Manchete. Até porque a produção da Manchete era muito limitada e o remake de Pantanal, com o poder da Globo, foi com todo o requinte de superprodução.
Aos 76 anos. Já enfrentou o etarismo? Não estou sentindo esse preconceito, pelo contrário, não paro de trabalhar. Etarismo? Pelo contrário, acabamos de ver uma homenagem fantástica ao Lima Duarte, aos 94 anos. Fernanda Montenegro não para de trabalhar, Laura Cardoso não para de trabalhar. Não vejo esse tal de etarismo. Esses “ismos” é só para encher o saco. Etarismo é um “ismo” desnecessário, idiota, como também com a juventude. De preconceitos contra os jovens. Só tenho é que ajudá-los e dar força, eles serão os atores de amanhã, como eu fui. A idade não diz nada.