Os personagens de Jô Soares que contam a história recente do país
Capitão Gay, o primeiro super-herói Queer, ou o comentarista de futebol Zé da Galera: Papéis tiveram grande aceitação na TV
Não são poucos os exemplos da inventividade de Jô Soares no humor televisivo. Além de apresentador e escritor, ele foi um criador de tipos que marcou uma geração. Entre os destaques de sua carreira, personagens que ajudaram a contar a história e as mudanças da sociedade brasileira. A seguir, alguns desses principais personagens eternizados pelo humorista.
Capitão Gay – Sob identidade secreta, o Capitão Gay e seu escudeiro Carlos Suely (Eliezer Motta) defendiam os fracos e oprimidos com roupas espalhafatosas. Jean Wyllys considera esse papel “o primeiro super-herói queer da tevê brasileira”.
Tavares – Outro papel que tratou da sexualidade. Um homem que tinha um filho que fazia cursos de maquiagem e balé. Sempre que ouvia outros homens contando sobre as atividades másculas de seus herdeiros, dizia: ‘Tem pai que é cego!’. Assim, Jô conseguiu quebrar paradigmas ao tratar a homossexualidade em tempos de muito preconceito.
Norminha – Era uma jovem cantora hippie que queria a fama: com quatro dedos da mão aberta, dizia: “Paz, amor, som e Norminha”. Pode-se afirmar que Jô, com este personagem, se antecipou às influencers dispostas a tudo para conseguir reconhecimento.
Zé da Galera – Muito antes dos apoiadores de Bolsonaro, o uso da camisa da Seleção Brasileira tinha outra conotação. Neste papel, Zô criou era um torcedor fanático, que ligava de um orelhão para o então técnico Telê Santana para dar palpites na escalação.
Vovó Naná – Uma senhora corcunda e surda que tinha como sonho conseguir uma vaga na televisão, para irritação do diretor (Francisco Milani). Jô se antecipou em décadas à discussão sobre etarismo, ao propor inclusão de personagens idosos em destaque na TV.
Apresentador de jornal – No extinto programa Planeta dos homens (1976), Jô fazia um apresentador de telejornal inusitado, onde dava notícias sobre a inflação e o alto custo de vida com muito sarcasmo. Isso em plena ditadura militar.
A partida de Jô Soares é uma tristeza enorme. Brilhante e genial. Além de seu literatura e seu enorme talento para a entrevista, Jô criou tipos inesquecíveis, como o Capitão Gay, o primeiro super-herói queer da tevê brasileira. Descanse em paz, grande Jô! 👏🏽👏🏽👏🏽👏🏽👏🏽🌷
— Jean Wyllys (@jeanwyllys_real) August 5, 2022