Os duetos inesquecíveis de Nana Caymmi com gigantes da MPB
Cantora morreu nesta quinta-feira, 1

Nana Caymmi, que morreu nesta quinta-feira, 1º, aos 84 anos, deixou uma das obras mais consistentes e emocionantes da MPB. Dona de uma voz grave e interpretativa, marcada pelo drama, ela protagonizou encontros musicais memoráveis ao lado de ícones como Tom Jobim, Erasmo Carlos, Wagner Tiso, Ivan Lins e do próprio pai, Dorival Caymmi. A seguir, uma seleção de duetos que ajudam a dimensionar o alcance de sua trajetória.
Acalanto – com Dorival Caymmi. Composta por Dorival Caymmi para embalar o sono da filha recém-nascida, Acalanto voltou à cena décadas depois como símbolo da ligação entre pai e filha. No álbum Caymmi – Grandes Amigos (1994), a canção ganha novos contornos na voz adulta de Nana, agora dividindo os versos com o pai.
Não Se Esqueça de Mim – com Erasmo Carlos. Lançada no álbum Sem Poupar Coração (2009), a gravação reúne Nana e Erasmo em uma leitura sóbria da canção escrita por Erasmo e Roberto Carlos. A união das duas vozes — ambas marcadas pela maturidade artística — resulta em uma interpretação potente.
Só Louco – com Wagner Tiso. No disco Só Louco (1989), a cantora e o pianista mineiro revisitam clássicos com sofisticação e lirismo. A faixa que dá nome ao álbum, de Dorival Caymmi, é o ponto alto da parceria, que se estendeu para apresentações ao vivo, incluindo um especial com a Orquestra Sinfônica de Minas Gerais.
As Praias Desertas – com Tom Jobim. Gravado em 1984 para o programa especial A Música Segundo Tom Jobim, dirigido por Nelson Pereira dos Santos, o encontro entre Nana e Tom é uma raridade televisiva — e pode ser assistido no YouTube.
Maricotinha – com Maria Bethânia, Dori Caymmi e Moreno Veloso. No álbum Noite Luzidia, Bethânia convida Nana, Dori e Moreno para dividir Maricotinha, de Dorival Caymmi. Apesar de não se tratar de um dueto, o registro vale pela força simbólica e pelo encontro entre artistas de diferentes gerações.
Vou Ver Juliana – com Zeca Pagodinho. No álbum Desejo (2001), Nana cruza caminhos com Zeca Pagodinho em uma leitura descontraída de um samba de seu pai. A combinação entre o rigor interpretativo de Nana e a malemolência de Zeca dá nova camada à composição.
Sentinela – com Milton Nascimento. O dueto está no álbum Sentinela (1980), com letra de Milton e Fernando Brant, um manifesto doloroso contra a ditadura. Ao lamentar a morte da cantora, Milton escreveu: “Recebo com profunda tristeza a notícia da partida dessa grande amiga. Perder Nana Caymmi é perder parte da minha própria história. Recentemente tenho escutado diariamente a nossa interpretação de ‘Sentinela’, que muito me emociona”.
Bilhete – com Ivan Lins. Gravada no álbum Amor (2004), de Ivan Lins, a interpretação de Bilhete junta duas vozes profundamente ligadas ao lirismo da MPB.