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O samba do próximo carnaval que Bolsonaro vai odiar ouvir

Beija-Flor tem como enredo “Brava Gente! O Grito dos Excluídos no Bicentenário da Independência”; ouça

Por Valmir Moratelli Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 24 out 2022, 09h03 - Publicado em 23 out 2022, 17h00

A Beija-Flor de Nilópolis irá apresentar no carnaval de 2023 o enredo “Brava Gente! O Grito dos Excluídos no Bicentenário da Independência”. O bicentenário da Independência é o mote do enredo para expor um debate acerca dos rumos e do próprio sentido de nacionalidade. Nesta semana, a agremiação escolheu em sua quadra, na Baixada Fluminense, o samba que vai ser levado à Sapucaí, dos compositores Léo do Piso, Beto Nega, Manolo, Diego Oliveira, Julio Assis e Diogo Rosa. Em um dos trechos da inspirada letra diz: “Desfila o chumbo do autocracia / a demagogia em setembro a marchar / aos “renegados” barriga vazia / progresso agracia quem tem pra bancar / ordem é o mito do descaso / que desconheço desde os tempos de Cabral”.

A referência a “mito” é clara ao candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL), assim como o termo “barriga vazia” faz alusão ao problema da fome, que o governo tenta ignorar da realidade no país. No carnaval de 2023, se ele ainda for o presidente, a Beija-flor terá um hino e tanto como protesto na Avenida; se não for mais, servirá de lembrança pelo que representou os últimos anos. Eis a letra a seguir.

A revolução começa agora / onde o povo fez história / e a escola não contou / marco dos heróis e heroínas / das batalhas genuínas / do desquite do invasor / naquele dois de julho, o sol do triunfar / e os filhos desse chão a guerrear / o sangue do orgulho retinto e servil / avermelhava as terras do Brasil.

Eh! Vim cobrar igualdade, quero liberdade de expressão / é a rua pela vida, é a vida do irmão / baixada em ato de rebelião.

Desfila o chumbo do autocracia / a demagogia em setembro a marchar / aos “renegados” barriga vazia /  progresso agracia quem tem pra bancar / ordem é o mito do descaso / que desconheço desde os tempos de Cabral / a lida, um canto, o direito por aqui o preconceito/ tem conceito estrutural pela mátria soberana, / eis o povo no poder são Marias e Joanas, / os Brasis que eu quero ter

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Deixa Nilópolis cantar! / Pela nossa independência, /por cultura popular.

Ô abram alas ao cordão dos excluídos / Que vão a luta e matam seus dragões / Além dos carnavais, o samba é que me faz / Subversivo Beija-flor das multidões.

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