Líder dos republicanos no Senado dos Estados Unidos, Mitch McConnell, de 81 anos, ficou quase um longo minuto de silêncio diante jornalistas e outros congressistas na semana passada, sem conseguir responder a uma questão. Algo que se viu acontecer também em julho, no Capitólio. Esta “trava” em seu discurso levantou recentemente a discussão sobre o momento certo de sair de cena. No momento que se debate formas de se combater o etarismo, esta discussão não pode agregar mais preconceitos. Aposentar-se não deve se equipar com inutilidade. Pessoas que sempre foram socialmente ativas têm o direito de decidirem a hora certa de parar – assim como os que se sentem plenamente confortáveis de continuar exercendo suas funções públicas, independentemente da idade.
Caetano Veloso e Gilberto Gil, ambos com 81 anos, seguem em plena atividade artística, com turnês que incluem vastas viagens internacionais. O mesmo se pode falar de Paulinho da Viola, no auge de seus 80 anos. Na contramão da turma, Milton Nascimento, outro octogenário, fez sua despedida dos palcos após shows por quase todas as capitais. Mick Jagger completa 80 anos e segue à frente dos Rolling Stones. Harrison Ford rodou sua quinta franquia de Indiana Jones, agora após os 81. Joe Biden, primeiro presidente octogenário dos Estados Unidos, pretende ser reeleito e prorrogar o mandato até que tenha 86. “A vida começa aos 80”, escreveu o ano passado em sua rede social Donald Trump, que tem 77 e aspira superar Biden. Lula, que fará 78 anos no próximo mês, já pensa na reeleição, quando, caso vença, terá 85 anos em 2030, no final de possível novo mandato. São todos exemplos de vitalidade e força de quem não pensa em parar. Aliás, decidir parar não é tarefa das mais simples. O silêncio de McConnell fala muito sobre isso.