Valéria Barcellos, 43, interpreta Luana Shine, parte do núcleo do bar de Susana Vieira em Terra e Paixão. A atriz, cantora, performer e DJ é uma das vozes de diversidade dentro da TV Globo. Ela falou com a coluna sobre a importância da representatividade e o quanto significa estar no horário nobre na TV aberta. “Não me via nesses espaços. A pessoa trans não tinha representatividade. Toda essa junção artística atual vem da vontade de estar ali. Meu primeiro contato com as artes veio cedo, quando ganhei o primeiro festival de música, aos seis anos. O teatro veio logo depois, aos 10. Eu tinha visto Ney Latorraca na televisão e lá na minha casa tinha um vestido verde-pistache muito bonito. Vi que ele podia usar vestido e pensei: ‘nossa, também vou poder usar’”.
A atriz relata como tem visto a repercussão da personagem enquanto uma mulher trans e chama atenção para o relatório da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA), que aponta a expectativa de vida de 35 anos para uma pessoa trans no Brasil. “Fazer uma personagem como a Luana, que vem da prostituição, é realidade no Brasil. Conseguir entrar na casa das pessoas e fazer com que elas pensem sobre isso é incrível. Tem sido maior do que imaginava. Como falo e repito, sou mulher trans, sou travesti, e isso já me dá um medo real. Como artista, tenho o papel fundamental de aproximar essa realidade e tirar o imaginário problemático, fazer com que entendam que existe muita violência nas nossas vivências. É isso que eu quero, de maneira muito atrevida”.
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