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O futuro que aguardam as estátuas de Aleijadinho expostas ao ar livre

Sérgio Rodrigo Reis, presidente da Fundação Clóvis Salgado, é um dos idealizadores de um museu para fazer réplicas das obras bicentenárias

Por Valmir Moratelli Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 17 jul 2024, 14h58 - Publicado em 17 jul 2024, 13h00
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  • Há mais de dois séculos, doze esculturas de profetas criadas por Aleijadinho (1738-1814), além de 64 cenas da Paixão de Cristo encantam turistas que visitam a Basílica Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas (MG). A coluna GENTE conversou com Sérgio Rodrigo Reis, presidente da Fundação Clóvis Salgado e um dos idealizadores do Museu de Congonhas, inaugurado há oito anos, projeto que une a UNESCO e o IPHAN na histórica cidade mineira, que mais concentra ao ar livre esculturas do escultor barroco e que se vê em meio a uma grande polêmica: substituir ou não as obras expostas ao relento por réplicas, para preservá-las em local seguro, longe de vândalos e das mudanças climáticas.

    Leia também: Como foi a maior apresentação de música erudita ao ar livre no país

    Há uma polêmica duradoura sobre traspor as obras de Aleijadinho para local seguro. O senhor tem alguma conclusão a respeito?  Na verdade, o que a gente fez com o museu foi construir uma possibilidade de preservação. O museu entra agora numa fase de buscar realizar as réplicas dos profetas com várias possibilidades de modelagem, eletrônica ou fisicamente, como fazia Rodin, por exemplo. A polêmica que envolve as obras que estão expostas é o seguinte: elas não são só para o museu, são para o mundo.

    Pode explicar melhor? Elas não são obras de arte apenas, são objetos de devoção. Se você me perguntar, como uma pessoa da área da área de cultura e de arte, se elas deveriam ser retiradas, sim, muito rápido até. Da forma como estão, elas sofrem com as intempéries do tempo, com vandalismo… Só que elas também são objetos de fé. Aí que complica. Para a gente não entrar na polêmica, começou a desenvolver formas de preservação. O futuro vai dizer.

    Há réplicas sendo feitas? Sim. O museu está fazendo as réplicas, o escaneamento digital, buscando recursos para que viabilizasse essas réplicas. Há um projeto para que se amplie o museu para que ele acolha futuramente essas estátuas. Todas as réplicas estão sendo construídas aqui dentro, por enquanto. Os originais seguem lá fora. Sim. Aí, quando chegar nesse ponto, o mundo vai se perguntar: ‘Uai, gente, por que deixa o original estragando e a réplica conservada? A ideia é que se fomente essa discussão na sociedade local para que um dia a gente tome uma decisão.

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    Quanto custa fazer o molde de uma escultura? Uma escultura sai por 200 mil reais, mais ou menos. Já conseguimos moldar dois profetas. E os outros dez a gente conseguiu recurso do BNDES para dar continuidade ao projeto de escaneamento digital. Qual o valor? O valor total à época, inclusive a outra fase do museu que vai ser construído para abrigar os profetas, é em torno de 20 milhões de reais.

    Quais são as maiores avarias nas esculturas hoje? Estão até bem conservadas. Se você imaginar que elas estão há mais de 220 anos lá fora… Só não estão piores, porque a pedra de sabão tem característica térmica. Ela absorve e exala o calor sem sofrer dano. Mas existem alguns danos feitos por pessoas, que rabiscam, escrevem nome, desenham… Pode sofrer ação de um vândalo e dar um tiro. Pode cair um raio. Pode um carro desgovernado. Sei lá, tudo pode acontecer.

    O que fazer para deixá-las seguras do vandalismo? Elas são vigiadas por câmeras e segurança física 24 horas por dia. Só que são 12 profetas, além das 64 obras protegidas nas cinco capelas (no caminho da basílica) que narram os passos da Paixão de Cristo. É muita coisa.

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    foto Leo Bicalho
    Um dos profetas de Aleijadinho – (Leo Bicalho/Divulgação)

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