O ator Clayton Nascimento, 36 anos, celebrou a boa repercussão, inclusive internacional, do especial Falas Negras, exibido na TV Globo, na noite desta quarta-feira, 20, Dia da Consciência Negra. O artista, que roteirizou, dirigiu e apresentou o programa, publicou em suas redes um trecho de uma entrevista que deu ao jornal britânico The Guardian, na qual falou sobre o projeto. “Nunca imaginei que um roteiro saído da minha cabeça (e escrito ao lado da amada Mariana Jaspe) pudesse tocar a essa grande imprensa”, comemorou. A reportagem destacou o especial como uma das ações promovidas no Brasil para marcar a data, que se tornou feriado nacional neste ano. O espaço, dado como “nobre” no tabloide, valida toda a narrativa do projeto. “É importante que 20 de novembro seja, pela primeira vez, um feriado público porque nos permite parar e refletir sobre a história negra do Brasil. Nós fomos aqueles que construímos esta nação”, diz o ator em um trecho da entrevista.
À coluna GENTE, Clayton comentou sobre o significado de a criação parar na mídia internacional. “O que mais me impacta é o desejo de um grande jornal inglês querer ouvir a minha fala. Significa, então, que tem muita coisa do Brasil que é muito próprio nosso e que ainda, de certo modo, choca a história do mundo, e que a gente não pode normalizar. E de que, ao mesmo tempo, o povo negro quer se ver mais na tela, ele quer se ver mais retratado na tela”.
Misturando dramaturgia e experimento social, Falas Negras simula um julgamento de um caso e levanta o debate sobre o uso de reconhecimento fotográfico de suspeitos. “Foi uma alegria ter podido escrever esse episódio, em que eu me baseei nas dramaturgias de Vai e Vem e em Doze Homens e Uma Sentença. Muito me alegra poder ter apresentado isso para o povo brasileiro e ter tido a grande recepção que nós tivemos. Ainda mais na primeira vez que no nosso país é o Dia da Consciência Negra em caráter nacional.
Clayton conta ainda que assistiu o especial em um quilombo no sertão do Piauí. “Foi quando eu tive a certeza no meu coração de que, realmente, eu estava trazendo um assunto pertinente e me comunicando com a nossa nação. Se um quilombo no sertão do Piauí estava disposto a se juntar para assistir Falas Negras, eu imagino que muitas outras casas e muitos outros estados também estiveram mobilizados para ver a narrativa do nosso personagem fictício Wesley”, comemora.