Em 2019, nenhuma intimidade foi mais debatida nas trincheiras das redes sociais, o permanente palco de todas as batalhas de um Brasil em que as versões valem mais que os fatos, do que o caso de Neymar com a modelo Najila Trindade. Em junho, a moça, de 26 anos, lavrou um boletim de ocorrência contra o camisa 10 da seleção e do PSG. A queixa, gravíssima: ela alegou ter sido vítima de agressão e estupro em uma noite tórrida de amor em Paris, para onde embarcara exclusivamente visando ao encontro sexual. O craque tratou de ir ao Instagram (e onde mais poderia ser?) para a defesa, exibindo fotos em que a efêmera companheira aparece nua. Não colou, e houve um rastilho de sucessivos escândalos. Um vídeo mostrou Najila desferindo tapas em Neymar, supostamente na noite posterior ao primeiro encontro. Chamada a exibir provas, ela tropeçou: disse ter sido roubada, para justificar o sumiço dos arquivos que comprovariam o tom belicoso do jogador, e ainda trocou de advogados três vezes em menos de duas semanas. Ao cabo de muita gritaria, a Polícia Civil decidiu não dar continuidade ao processo. Najila chegou a ser denunciada por extorsão e falso testemunho pelo Ministério Público, mas a Justiça não acatou a solicitação. No entanto, a antagonista do atacante virou ré por dificultar as investigações, o que pode acarretar pena de três a oito anos de reclusão.
Ao trazer o caso à tona, Najila virou vidraça. Ela se recusou a entregar seu smartphone à delegacia porque exporia seu passado (e ex-clientes) na pele de Thayla, nome que usava quando atuava como garota de programa. Para despistar a imprensa e ter um mínimo de sossego, Najila se mudou com o filho de 7 anos para Ilhéus (BA). Lá, arrumou mais encrenca: envolveu-se com um homem casado e, depois de brigas, foi expulsa da casa. A modelo teve suas contas bloqueadas por dever mais de um ano e meio de aluguel do apartamento onde morava em São Paulo. Para ela não ficou bem. Para ele tampouco. Nas palavras do ex-jogador e hoje cronista Tostão : “É péssimo para o futebol brasileiro ver um talento tão fenomenal perdido no mundo da fama, sem a devida orientação”. A derrapada de Neymar, que uma vez mais foi ao chão, apesar do arquivamento do caso, é o símbolo de um ano de encontros, desencontros e erros.
Publicado em VEJA de 1º de janeiro de 2020, edição nº 2667