Dezoito anos, 1,77 m de altura e 57 kg. Apesar desses números, e da beleza patente, a estudante de administração Monalysa Alcântara se tornou alvo de críticas acintosas ao final do Miss Brasil 2017, de onde saiu com a coroa na cabeça. Foi a primeira vez na história do concurso que uma negra transmitiu a faixa a outra – Monalysa recebeu o título das mãos da paranaense Raíssa Santana; antes delas, a única negra a vencer a competição foi Deise Nunes, do Rio Grande do Sul, em 1986. De tom pesado, os ataques pareciam carregados de racismo. Em um post nas redes sociais, uma usuária disse que Monalysa tinha “cara de empregadinha”.
De acordo com o Código Penal brasileiro, vale lembrar, o crime de injúria racial, pelo qual se ofende a dignidade ou o decoro de uma pessoa com base em elementos de raça, cor ou etnia, rende pena de reclusão de um a três anos, além de multa.
Abaixo, quatro perguntas para a piauiense Monalysa Alcântara, que agora vai representar o Brasil no Miss Universo. E leia mais na edição de VEJA que chega às bancas no final da semana.
Esta foi a primeira vez que uma Miss Brasil negra passou a coroa para outra Miss Brasil negra. Acredita que a sociedade esteja mudando? Acredito que estão enxergando a mulher negra como sempre deveriam: é uma mulher como qualquer outra, que tem sua beleza, sua personalidade e sua luta. Por muito tempo, fomos marginalizadas e vistas como feias e solitárias, mas hoje isso está mudando. O racismo é crime e eu estou aqui para lutar e dar voz contra ele.
Qual foi, para você, a parte mais difícil da competição? A parte mais difícil foi, sem dúvida, ficar longe da família e amigos. Ter força e inteligência emocional para lidar com as críticas.
Como vê suas chances no Miss Universo? Eu sempre acreditei no meu potencial, mesmo muitas vezes o mundo dizendo o contrário. Eu vou lutar, vou me preparar e vou representar muito bem meu país, estou disposta e determinada e irei transmitir essa energia.
Você se considera feminista? A igualdade e respeito de gênero deveriam ser naturais… Mas, se lutar e acreditar nos direitos das mulheres é ser feminista, sim, eu sou.