Marcelo Serrado, 55 anos, se despedindo da novela Cara e Coragem, que chega ao fim nesta sexta-feira, 13, estreia no mesmo dia, no Teatro das Artes, a comédia Um Pai do Outro Mundo, da qual também é autor. Inspirado nas vivências e relatos de pais contemporâneos, Serrado mostra em cena a transformação dos padrões de interação entre pais e filhos. Pai de Catarina, 18, e dos gêmeos Felipe e Guilherme, 9 – ele falou com a coluna sobre os dramas e afagos da relação paternal. E adianta o próximo trabalho, será um promotor de justiça na série Veronika, do Globoplay.
A peça fala sobre vivências de pais contemporâneos e a rotina multitarefada. Há partes da sua vida pessoal em cena? Mais ou menos, algum sopro, apenas uma história, de quando perdi meus filhos no teatro uma vez quando eram pequenos. A gente ficcionou bastante as histórias que ouviu. Criamos um personagem, o Paulo Ernesto, um cantor de jingle. Ele de repente se vê sozinho, sem a mulher que amava, tendo que educar os gêmeos e uma menina pré-adolescente. O público morre de rir, porque eles se identificam.
O que você traz da sua vivência? Acho que a vivência de ser pai mesmo. Como é esse pai contemporâneo de hoje em dia, que fica em casa cuidando dos filhos, enquanto a mulher vai tomar um chope, que às vezes é meio machista com a filha, mas se toca que tem que melhorar, sabe?
Qual foi o momento de maior loucura que já viveu na sua vida paterna? Essa história de perder meus filhos foi uma loucura. A outra foi no dia que eu soube que ia ser pai de gêmeos. O médico estava fazendo o ultrassom, aí terminou e falou: ‘Peraê, meu amigo, tem mais um aí’. E eu: ‘Não faz isso comigo não’. E ele: ‘Cara, são dois!’. Eu achei que ele estava brincando. Mas meus filhos são completamente diferentes, apesar de serem iguais, têm personalidades distintas.
O que aprendeu com eles que você não sabia sendo pai de menina? Olhar para os meus filhos pensando: eles são indivíduos. Estou fazendo filho para o mundo, para ser um cidadão melhor que eu, para ser um cara que respeite o próximo, uma pessoa melhor que eu. E, independentemente de ser meu filho, é um indivíduo. A coisa de ser pai de menina, tenho uma alma feminina em mim. Sou um cara delicado, tenho um olhar feminino. E de uma certa maneira, sempre falei isso com eles.
Como é esse olhar feminino? Sou um pai sensível, que chora. Meu filho tinha uma fala na peça: ‘Eu sou o caçador’, eu já chorava aos prantos. Minha mulher falava: ‘Para, Marcelo! Que vergonha’.
Como está sendo o preparo para Verônika? Seu personagem, um promotor de justiça, tem inspiração no ex-juiz Sérgio Moro? Já começou a preparação, essa semana mesmo fiz um workshop com a Roberta Rodrigues, é meu segundo trabalho com a galera do Afroreggae, estou bastante animado. Ele não tem relação com ninguém, é um personagem dentro da narrativa da série, que é sobre essa advogada negra.