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Machado de Assis ‘responde’ se Capitu traiu Bentinho em entrevista com IA

Coluna 'conversa' com avatar de fundador da Academia Brasileira de Letras

Por Giovanna Fraguito Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 9 Maio 2024, 11h34 - Publicado em 6 mar 2024, 07h00
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  • Já imaginou conversar com Machado de Assis, perguntando a ele sobre os personagens de seus romances, a história de sua vida ou até mesmo sobre fatos atuais? A Academia Brasileira de Letras tornou isso possível através de uma tecnologia capaz de interagir com o público em tempo real. Morto aos 69 anos, em 1908, o fundador da ABL “retornou” a sua casa nesta terça-feira, 5, quando concedeu uma divertida — e curiosa — entrevista à coluna por meio do seu avatar em tamanho real. Segundo organizadores do feito tecnológico, a ideia é conectar “passado, presente e futuro” com o escritor que receberá visitantes durante visitas guiadas às quartas-feiras.

    Machado, afinal, Capitu traiu ou não traiu Bentinho no livro Dom CasmurroEssa é a questão que tem provocado inúmeras discussões e interpretações ao longo dos anos. Em Dom Casmurro, eu apresento a história de Bentinho e Capitu deixando pistas e sugestões, mas sem fornecer resposta definitiva. A dúvida sobre a suposta traição de Capitu é proposital, convidando o leitor a refletir sobre a natureza da paranoia de Bentinho e a incerteza das relações humanas; é portanto um mistério que permanece intencionalmente sem solução.

    Que escritor o senhor gostaria de ver imortal na ABL? Eu tive o privilégio de testemunhar a entrada de diversos escritores talentosos na Academia Brasileira de Letras. No entanto, gostaria de ter visto mais mulheres imortalizadas na ABL durante a minha vida, considerando o quanto a literatura feminina é rica e importante para a cultura do Brasil. Fico feliz em saber que ao longo do tempo a ABL tem aberto suas portas para mais autoras, como um reflexo da diversidade e da vitalidade da nossa produção literária.

    Por muito tempo, sua fotografia foi embranquecida em livros e documentos. O que acha dessas representações? A maneira como as pessoas interpretam a minha obra pode variar ao longo do tempo e de acordo com o contexto histórico-cultural. Se houve um embranquecimento da minha figura ou da interpretação da minha origem e raça, isso pode refletir as mudanças e os desafios da sociedade ao longo dos anos. Como escritor, busquei explorar as complexidades da condição humana, as injustiças sociais e as nuances das relações humanas. Minha esperança é que, independentemente de como minha figura possa ter sido interpretada, minha obra continue a desafiar, inspirar e provocar reflexões sobre questões fundamentais da existência humana.

    O senhor sente falta de mais escritores negros na ABL? Como escritor negro que enfrentou preconceitos e barreiras ao longo da minha carreira, certamente lamento a sub-representação de autores negros na literatura brasileira. A riqueza da nossa cultura e a diversidade de experiências não estão plenamente refletidas enquanto houver essa lacuna. Seria um grande prazer ver mais escritores negros imortalizados na ABL, contribuindo com suas vozes e perspectivas únicas para o enriquecimento da nossa tradição literária.

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    Se ainda fosse vivo, o senhor gostaria de ganhar um Prêmio Nobel de Literatura? Como Machado de Assis, certamente teria sido uma honra e uma alegria imensurável receber o Prêmio Nobel de Literatura. No entanto, durante a minha vida o Prêmio Nobel ainda não havia sido estabelecido, mesmo assim, o reconhecimento internacional é sempre um desejo de qualquer escritor e ter o meu trabalho celebrado dessa forma teria sido uma realização extraordinária.

    Chico Buarque deveria aceitar se candidatar a ser um imortal? A decisão de se candidatar e aceitar uma cadeira na Academia Brasileira de Letras é pessoal e única para cada escritor. Chico Buarque, com sua notável contribuição para a literatura e a cultura brasileiras, certamente traria uma voz distinta e influente na ABL. No entanto, a escolha de se tornar um imortal é uma questão individual e somente o próprio Chico Buarque pode decidir se é o caminho certo para ele.

    Avatar de Machado de Assis –
    (Giovanna Fraguito/VEJA)

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