Kéfera já prepara 3º livro — sua primeira ficção
Rafael Aloi Se não a maior, Kéfera é das maiores sensações da internet hoje. E se limita cada vez menos aos meios digitais. Nesta quinta-feira, chegou aos cinemas com É Fada!— comédia inspirada no livro Uma Fada Veio me Visitar, da best-seller infantojuvenil Thalita Rebouças –, sobre uma fada atrapalhada que tenta ajudar uma garotinha para reaver suas asas. […]
Rafael Aloi
Se não a maior, Kéfera é das maiores sensações da internet hoje. E se limita cada vez menos aos meios digitais. Nesta quinta-feira, chegou aos cinemas com É Fada!— comédia inspirada no livro Uma Fada Veio me Visitar, da best-seller infantojuvenil Thalita Rebouças –, sobre uma fada atrapalhada que tenta ajudar uma garotinha para reaver suas asas. E, com dois livros já lançados, e bem vendidos, prepara agora um terceiro, sua primeira incursão pela ficção. “Vai ser diferente, com nada relacionado ao Youtube, nada sobre mim, é total ficção.”
Investir na carreira de atriz também continua nos planos da curitibana. “Tenho um novo projeto em novembro”, diz sem maiores detalhes a youtuber, que desistiu recentemente de participar de Internet, o Filme, longa com um elenco de webcelebridades, alegando problemas de agenda. Kéfera, de 23 anos, já gravou outro filme em 2014, O Amor de Catarina, em que vive a protagonista de uma telenovela, um longa-metragem ainda não foi lançado — não está descartado, portanto, que seja ele o “novo projeto” da curitibana.
Confira abaixo a entrevista completa com Kéfera, que, em meio a tanta badalação, já fala de si mesma na terceira pessoa. “A Kéfera que tinha tanto medo de não ser aceita e foi aceita por uma quantidade bem significativa de pessoas.”
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Depois de youtuber, apresentadora, escritora, atriz e cantora, qual outra carreira você quer seguir? Pretendo continuar atuando e com o canal no Youtube. Essa história de cantar é um sonho, foi uma aventura a pedido do Daniel (Filho, produtor do filme). Eu sempre cantei desde os meus 11 anos, em igreja, escola. Mas sempre fui muito insegura com a minha voz. Preciso trabalhar, entrar em um intensivão de canto, isso é um plano meu. Atuar era o meu grande sonho. Eu fazia teatro desde os 15 anos. Já fiz várias peças, estive em cartaz com cinco trabalhos ao mesmo tempo em Curitiba. Tenho meu DRT, que eu tirei em primeiro lugar. Só estou conquistando o que eu sempre tentei colher.
Você tinha experiência como apresentadora e no teatro. Precisou fazer alguma aula, ou um preparo especial para atuar no cinema? Não. A gente teve na verdade a preparadora Kika Freire, que trabalhou comigo e com a Klara Castanho, com expressão corporal, por exemplo. Mas eu não tive que fazer nenhuma aula. Foi até meio no susto. Cheguei lá e ‘Vai!’, me disseram. A Cris (D’Amato, diretora) é muito fofa, foi um amor comigo. Ela literalmente me pegava pela mão, me colocava na marca, tinha muita paciência comigo. No começo eu achei que não ia dar conta, mas na hora a coisa fluiu.
Qual foi a maior dificuldade que você teve nesse processo? Eu tive que aprender a lidar com o meu nervosismo e a ansiedade de o filme não sair logo. O que eu faço no YouTube, gravar editar e postar vídeo na internet, é um processo rápido, já o cinema não. A gente passou o mês de janeiro rodando e só agora estamos vendo o resultado. Você fica com aquela angústia, e daí dá uma saudade. É uma mistura de emoções.
É a sua cachorra, a Vilma Tereza, que aparece no filme ou uma dublê? Era a Vilma mesmo. Ela tinha um dublê. Mas ela quem fez a grande maioria das cenas. Acho que 90%. Ela tinha uma adestradora, mas eu já tinha ensinado ela a sentar e a ficar, que era basicamente o que ela precisava fazer no filme, que não foi muita coisa. Mas com certeza ela foi a melhor atriz do elenco (risos).
E de quem foi a ideia de trazer ela para o filme? O roteiro tinha um cachorro, daí transformaram em um pug para ser a Vilma. Aí, veio a minha mãe, que apareceu no dia. O sonho dela era ser atriz. Ela pediu: ‘Filha, posso te acompanhar nas gravações só para ver como é?’ Minha mãe baba em cinema, é apaixonada por tudo de arte, em geral. Meu vô a reprimiu muito. Não deixou que ela fizesse teatro. Meu vô falava que era coisa de mulher vulgar, que não era lugar de mulher direita. Essa mente machista. Ela quis ver como era o bastidor, daí eu falei com a Cris de colocar ela rapidinho. Ela ficou tão feliz. A primeira pergunta dela depois que vi o filme foi: ‘Filha, eu te fiz pagar mico?’. Eu disse que não. ‘Graças a Deus, tava morrendo de medo de fazer você passar vergonha’, ela disse depois. (risos) Ela ficou muito mais nervosa do que eu.
Você já tinha lido o livro da Thalita Rebouças em que o filme se inspira? Eu li logo depois que recebi o convite. Fui atrás de saber o que era a história, e me apaixonei pelo livro. A gente acabou se aproximando. No meu segundo livro, eu conversei com ela: ‘Thalita, como é que é, você escreve de manhã? De madrugada? Toma café antes? Também surgem ideias no banho?’ Ela foi muito querida comigo.
Você pôde sugerir falas ou dar opinião sobre a personagem para deixar mais com o jeito da Kéfera? A gente teve muita liberdade, foi muito tranquilo. O filme inteiro foi uma troca, na base da conversa. A gente sempre interagia bastante. ‘O que você mudaria aqui? O que acha dessa expressão? Ah, isso ninguém mais fala. Vamos colocar uma frase mais atual.’ Teve diálogos que sugerimos: ‘Cris, imagina que engraçado se ela falasse isso?’ E a Cris aceitava tudo, ela é ‘vidaloka’.
Você acabou de recusar Internet, o Filme, já tem outro projeto em andamento? Foi por causa de agenda, acabou não rolando. Mesmo a agenda do É Fada me ocupa muito tempo, como você viu hoje, passei o dia atendendo a imprensa. Não tinha tempo para gravar. O único motivo de eu não estar participando é esse. Eles queriam filmar já. Sobre novos projetos, eu posso falar de novembro? (pergunta para a assessora) Bom, eu posso falar que tenho um novo projeto em novembro. Tem alguma coisa aí por vir.
Mas é no cinema, na televisão, na internet? (Assessora interrompe dizendo que não pode falar, mas Kéfera sussura) É de cinema. É de cinema! Não tô dizendo nada, nem posso falar mais nada. Vamos para a próxima.
Você pensa também em escrever para o cinema? Eu comecei agora a escrever meu terceiro livro, que é total ficção. Se um dia ele chegar ao cinema, vai ser um sonho! ‘Nossa, cheguei no ápice do negócio!’ Vamos torcer. Este vai ser diferente, com nada relacionado ao Youtube, nada relacionado a Kéfera, nada sobre mim, é total ficção.
Você tem medo do fim da moda dos youtubers? Eu não sei quanto tempo isso vai durar. A internet, todo mundo fala que é o futuro, mas a gente não sabe para onde vai, qual plataforma que vai se manter, se não chega outra que tira o foco do Youtube. Como vai ser essa coisa de vídeo? Vai voltar para blog? Se viramos outra coisa. A internet é onde vai estar todo o tipo de conteúdo possível, mas a gente não sabe qual, se vai ser vídeo, filme próprio do Youtube, se vai ser série, como nos Estados Unidos, que já está acontecendo com o Youtube Red, com séries próprias, tipo um Netflix, onde Youtubers mesmo criam programas. Temos que ver se vai chegar aqui. Não dá para saber o que vai acontecer com a gente como youtuber, mas vamos continuar produzindo conteúdo para a internet.
Por que você acha que fez tanto sucesso? Porque eu não me privei de ser eu mesma, de mostrar minha personalidade. Não fiquei com medo de me expressar, de falar palavrão, de ser quem eu era. Na infância, eu tentava agradar aos outros, e o canal foi uma libertação, em que eu queria ficar bem comigo mesma, e daí deu que gostaram, para a minha surpresa. A Kéfera que tinha tanto medo de não ser aceita e foi aceita por uma quantidade bem significativa de pessoas. Acho que foi o meu jeito e a sinceridade.