Franca favorita na Olimpíada de Inverno, a russa Kamila Valieva, fenômeno da patinação artística de apenas 15 anos, chegou a Pequim arrasando — seu time ganhou o ouro na disputa por equipes. No mesmo dia, o resultado de um exame de doping feito em dezembro estilhaçou o encanto: a atleta testou positivo para uma substância proibida receitada a cardíacos. Veio a dúvida: podia ou não continuar na Olimpíada? Um comitê decidiu que podia, mas não receberia medalha — nem ela nem ninguém nos três primeiros lugares —, até a questão ser esclarecida. Na disputa-solo, ela falhou e ficou em quarto, permitindo que duas colegas subissem ao pódio e recebessem ouro e prata. Em uma entrevista, Kamila confessou: “Minhas emoções se esgotaram. Estou feliz, mas, emocionalmente, muito cansada”.
Publicado em VEJA de 23 de fevereiro de 2022, edição nº 2777