Indicada duas vezes ao Emmy, autora Manuela Dias lança seu primeiro livro

Um ano depois de encerrar o árduo trabalho com a novela Amor de Mãe, que teve as gravações interrompidas pela pandemia em março de 2020 e só voltou a ser reexibida doze meses depois, a dramaturga Manuela Dias estreia seu novo projeto, desta vez, na literatura. Em seu primeiro livro, a autora, indicada a dois Emmys, mergulha na vida de Tilikum, baleia orca capturada na Islândia que viveu 32 anos em cativeiro nos parques Seaworld.

“Senti uma empatia tão grande por aquela baleia cativa há 32 anos, louca, assassina, produto-ruína do seu meio, enclausurada, reprodutora sexual, 21 filhos dos quais poucos ela conheceu e que morreu de pneumonia num tanque qualquer”, diz Manuela.

Na obra, as histórias de dois personagens cativos de nome Tilikum são contadas. Manuela toma emprestada a cronologia da vida da baleia para esmiuçar a trajetória de um homem capturado aos dois anos de idade, que passa a ser treinado para apresentações públicas — tal qual a baleia.

“Por trás da narrativa de Manuela Dias há um ensaio antropológico cujo verdadeiro protagonista é uma forma de opressão. Opressão exercida por nossa espécie que não conhece a si mesma e, por isso, não reconhece o outro. Uma humanidade tão imersa em seu delírio narcísico que só enxerga miragens de si. É esse mundo desprovido de razão e sensibilidade que Manuela Dias denuncia em sua inusitada biografia de “Tilikum”. Espero que o leitor se reconheça nessa alegoria, espelho partido em que o humano se revela em seu avesso”, escreve na apresentação do livro o poeta Geraldo Carneiro, da Academia Brasileira de Letras.