Evelyn Bastos, rainha da Mangueira, sobre nudez feminina: ‘liberdade’
Ela também é diretora cultural da Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa)

Cria do Morro da Mangueira, Evelyn Bastos, 31 anos, defende neste domingo, 2, na Marquês de Sapucaí o posto de rainha de bateria da verde e rosa, título que carrega há doze anos. Apaixonada pelo samba desde criança, Evelyn foi rainha da ala infantil da escola em 2004 e vem seguindo os passos da mãe, Valéria Bastos, que ocupou o mesmo posto que ela entre 1987 e 1989. Antes de virar o rosto da Estação Primeira de Mangueira na Sapucaí, foi musa aos 17 anos. Aos 20 anos, substituiu Gracyanne Barbosa na Avenida. A primeira vitória veio em 2016 – três anos depois saiu novamente vitoriosa ao lado da escola.
Historiadora e professora de educação física, Evelyn não deixa de mostrar suas raízes – ser de uma favela na Zona Norte é seu principal estandarte. Durante os ensaios na Passarela do Samba, priorizou roupas básicas, diferentemente das outras rainhas que partem para o brilho dos figurinos. Para ela, a importância de diferenciar as roupas usadas nos desfiles para as do ensaio é mostrar sua essência e história. “Ter como público a favela, mangueirenses em geral faz de mim uma Rainha de bateria realizada e uma mulher sempre atenta a ser, absolutamente, entregue à minha essência”, diz.
À frente de estudos e debates sobre a temática do Carnaval e nudez feminina, Evelyn é categórica sobre o tema: o importante é a liberdade. “A hipersexualização não é uma problemática minha. Eu não posso e não vou cobrir o meu corpo para mostrar nenhum tipo de intelectualidade para caber numa pauta de um senhor e de ninguém. Essa hipersexualização não foi criada por nós, foi criada por eles… Os nossos corpos, nossas ideias, nossa ideologia estão sempre prontos para atuar com autonomia”, diz ela, que também acumula o cargo de diretora cultural da Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa).
Neste ano, a Mangueira tem como samba enredo À Flor da Terra – No Rio da Negritude Entre Dores e Paixões, que fala sobre a herança do povo bantu no Rio de Janeiro, originários da região de Angola. O carnavalesco responsável pelo enredo é Sidnei França.