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Caio Blat: ‘Cabe aos artistas questionar preconceitos’

Ator, nos cinemas com ‘O Diabo na Rua no Meio do Redemunho’ e no teatro com ‘Memórias do Vinho’, fala a VEJA

Por Giovanna Fraguito 13 set 2024, 07h00
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  • Um dos atores mais expressivos de sua geração, Caio Blat, 44 anos, estreou nos cinemas recentemente O Diabo na Rua no Meio do Redemunho, dirigido por Bia Lessa, adaptação cinematográfica da clássica obra Grande Sertão: Veredas de Guimarães Rosa. O ator também está em cartaz com o espetáculo Memórias do Vinho, ao lado de Herson Capri, em São Paulo. À coluna GENTE, Caio fala sobre seus recentes desafios profissionais, o apoio dado à cantora Preta Gil e comenta as polêmicas que envolvem sua vida pessoal.

    Você está há sete anos na construção do personagem Riobaldo, no teatro e no filme O Diabo na Rua no Meio do Redemunho, ambos dirigidos por Bia Lessa. Qual é o tamanho desse desafio? É enorme, já que se trata de uma obra-prima que reinventou a língua brasileira, e de um cenário de guerra e carestia, o que precisava ser recriado no palco com poucos elementos, basicamente a fala e o corpo dos atores. Além disso, um personagem que está tomado de angústia existencial, nunca apaziguada. Nosso desafio sempre foi colocar o espectador no centro dessa guerra e dessa dúvida, seja no teatro ou no cinema.

    O filme foi todo feito em estúdio com uma ‘tela preta’ de pano de fundo, algo parecido com o teatro. Qual é a diferença em contracenar para o público e a câmera? O filme parte da peça e a supera, é um passo adiante. O público do teatro ficava em volta dos atores, enquanto a câmera de cinema tem a possibilidade de entrar dentro da cena, cara a cara com as personagens. A ideia genial da Bia de não ter cenário obriga o espectador a imaginar, a evocar em sua memória os elementos da natureza.

     Tem alguma história curiosa da gravação? A filmagem foi feita em pouquíssimos dias, num clima de criatividade e sacrifício, alegria e exaustão, como no livro. Comíamos, dormíamos amontoados no estúdio, 12 horas por dia, como um bando.

    Recentemente um vídeo seu com a Preta Gil viralizou nas redes sociais. Como tem ajudado nesse processo de tratamento da Preta? A Preta é um dos grandes amores da minha vida, sempre será. Nesse momento de luta só me cabe estar próximo, dando carinho, conforto, acreditando na recuperação rápida e total, ajudando ela a se distrair e sentir-se muito amada.

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    Como lida com suposições da sua vida pessoal? Como crises no casamento e supostos nudes na internet? Esse interesse na sua vida pessoal te incomoda? Tento ao máximo ser discreto na minha vida pessoal, e me incomoda o fato de as perguntas sobre vida pessoal sempre sobressaírem às perguntas sobre meu trabalho. Mas não enxergo como tabu muitas coisas que as pessoas consideram; e isso, de certa forma, traz uma leveza para como eu vivo minha vida, nos meus relacionamentos, na criação dos meus filhos. Cabe aos artistas também questionarem os costumes, os preconceitos. Mas as pessoas estão sempre em busca de polêmicas, por mais bem resolvidas que as coisas sejam e isso, muitas vezes, é invasivo.

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