O surfista Marcelo Luna, 37 anos, é conhecido como especialista em ondas gigantes. Em seu currículo, tem três indicações consecutivas ao Big Wave Awards (o Oscar das mega ondas, promovido pela WSL, a Liga Mundial de Surfe), nos anos de 2017, 2018 e 2019. Agora, anuncia contrato com o Corinthians até dezembro de 2023. Mas a história de Luna é marcada por altos e baixos. Por isso resolveu colocar suas memórias num livro: Uma onda gigante, que será lançado no começo de julho. Entre os assuntos que não se nega a falar está o envolvimento com as drogas. Aos 11 anos de idade, já era usuário. “Fui salvo pelo esporte, e sou o atleta que vai lutar pela inclusão e educação esportiva. O esporte tem mais poder do que qualquer governo. Existe, de forma preconceituosa, ainda hoje, uma relação que as pessoas fazem entre drogas e surfistas. Porque um monte de surfista dá mau exemplo, por isso eu faço combate às drogas tão explicitamente, para não ser associado a isso”, afirma ele, que cresceu numa Cohab (conjunto habitacional popular) de São Bernardo do Campo (SP).
Hoje, é considerado um dos principais surfistas de ondas gigantes do mundo. Sobre outros nomes do esporte atualmente em evidência, Luna comenta que não é amigo de Pedro Scooby, que também se destaca nas ondas gigantes. “Só conheço por causa da profissão. Já surfamos várias vezes juntos no mesmo local”, diz. Com Gabriel Medina, nunca conversou. “Já nos encontramos algumas vezes, fui torcer para ele em uma etapa de Portugal, mas não somos amigos”.
Luna é idealizador do projeto social “Meu Mundo, Meu Sonho”, por meio do qual realiza palestras sobre sua vida em escolas, instituições de ensino e ONGs. Por ter surfado a onda de Nazaré (em Portugal, de aproximadamente 14 metros) com um braço imobilizado devido a uma lesão na cervical, foi condecorado no Surfer Wall de Nazaré, onde sua prancha está exposta e uma placa com sua foto traz sua história. “Eu acho que o atleta que quer se tornar referência, seja de postura, ou de vitórias tem de saber que ele tem uma responsabilidade enorme de influenciar as pessoas para o bem ou mal. A grande questão é qual preço se quer pagar, que é o do legado ou do ego. O ego vai estraçalhar sua carreira, e o legado vai te deixar simples e admirado pelo que é como ser humano”, diz.