As revelações trazidas em novo filme sobre Lula: da presidência à prisão
Diretora Mariana Vitarelli fala a VEJA de ‘Lula Lá: De Fora Pra Dentro’

Um novo filme sobre Lula (PT) entra em cartaz em breve. Lula Lá: De Fora Pra Dentro tenta fazer um retrato do Brasil contemporâneo. A diretora Mariana Vitarelli registrou mais de uma década (2003-2019) para dar conta do que foi a “era Lula”, da chegada à presidência à eleição da sucessora, Dilma Rousseff, incluindo sua condenação e prisão. O filme estreia no próximo sábado, 20, às 21h30, no Cine Brasil TV. Em conversa exclusiva com a coluna, Mariana fala detalhes da produção – assista ao trailer mais abaixo.
Uma das cenas iniciais mostra Regina Duarte falando que tinha medo de Lula em 2003 (algo que ela voltou a repetir agora). O que essa cena representa hoje, depois da sua passagem pelo governo Bolsonaro? Essa cena é a síntese do ódio ao pobre. Representa o atraso no pensamento de uma elite que vive totalmente desconectada da realidade do povo brasileiro. A desastrosa passagem da atriz pela secretaria de cultura confirma essa tese. Quase vinte anos depois, em 2022, o caos bate à nossa porta. O país passa por um período extremo, é essa realidade que traz medo. De novo, a esperança quer vencer o medo e o ódio.
O que o filme traz de novo em relação à imagem de Lula? O filme busca fazer um recorte amplo, de 2003 a 2019. Mostra a importância da figura do ex-presidente para a democracia e de como a chegada de um ex-operário à Presidência muda a realidade contemporânea. Desde sempre, Lula é alvo de uma desconstrução voraz de sua imagem. O filme mostra como isso acontece, suas consequências e os atores que criam essa narrativa.
O que mudou do Lula de 2003 para o que agora tenta voltar a ser presidente? A diferença do Lula de agora é que hoje ele tem mais experiência, passou por muita coisa e já sabe os caminhos para a transformação que almeja. Lula forma uma ampla coalizão para tentar se eleger ainda no primeiro turno, buscando articular setores divergentes para nova reconstrução do Brasil. Seu candidato a vice (Geraldo Alckmin), ex-adversário político, é um exemplo.
Qual foi a maior dificuldade nas filmagens? O processo foi muito longo, por diversas razões. Cheio de percalços desde 2004. É uma vida, é muito chão. Além de todas as dificuldades de se fazer um filme independente, com recursos de pessoa física, filmar um período histórico que se desenrola em tantas inflexões importantes dificulta muito a conclusão do trabalho. Onde é o ponto final dessa história? Há um ponto final?
Precisou lidar com alguma situação inusitada, um improviso nos bastidores? Aconteceu uma situação complicada e triste. Minha mãe foi internada com crise renal, dias antes da entrevista com Lula, em fevereiro de 2018. Não tinha como remarcar – foram 12 anos de espera, desde que ele era presidente. Fui ver minha mãe no CTI, de lá fui direto pro aeroporto. Até hoje, não sei como consegui fazer a entrevista. Fui muito bem recebida pelo Lula, encontro de uma hora e meia. Voltei, passei a noite na recepção do hospital e no dia seguinte minha mãe voltou para casa. Deu tudo certo.
A eleição de 2022 é um prato cheio para documentários. Pensa em filmá-la? Imagino que muitas pessoas já estejam filmando. Cada qual com a sua visão e seu recorte. Tem que ter muito fôlego. Se eu for fazer algo, não vai ser agora na eleição, vai demorar. Quem sabe surge um novo capítulo ou o Lula Lá 2 daqui a uns anos? A história continua…
