Sempre que começa um novo governo, o script é o mesmo: Silvio Santos se aproxima do portador da faixa presidencial. Com Jair Bolsonaro não foi diferente. Entra ano, sai ano, o apresentador se aperfeiçoa em falar mais do que a língua, proferindo bobagens inacreditáveis. Em 2019, neste ano em que parecia valer quase tudo, ele se superou. Seu primeiro tropeço indesculpável foi a realização de um concurso de miss infantil em que jurados tiveram de avaliar pernas e colo de crianças. Em outra atração, num jogo de perguntas e respostas, o apresentador questionou se alguém no auditório sabia o nome do pai de Adolf Hitler, que se chamava Alois Hitler. Enquanto pessoas da plateia tentavam adivinhar, Silvio, que é judeu, disse: “Heil, Hitler” — a saudação dos tempos da Alemanha nazista. Não teve nenhuma graça.
Publicado em VEJA de 1º de janeiro de 2020, edição nº 2667