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ABL vive acusação de homofobia e assédio na campanha à última vaga

Polêmicas não faltam às vésperas da disputa pela cadeira 2 da Academia Brasileira de Letras; 'Nunca vi jogo tão sujo como esse', diz o imortal Carlos Nejar

Por Cleo Guimarães Atualizado em 13 dez 2021, 18h34 - Publicado em 13 dez 2021, 17h30
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  • Não se fala de outra coisa nos bastidores da Academia Brasileira de Letras. Apoiador da candidatura do economista e filósofo Eduardo Giannetti à cadeira 2 da instituição, o editor Pedro Corrêa do Lago teria “passado a mão ao telefone com muita raiva”, segundo um dos acadêmicos, para ir além da “saudável” campanha habitual pelo seu candidato preferido.

    Segundo relato de imortais consultados por VEJA, Pedro telefonou a pelo menos oito deles para acusar o escritor e ex-secretário de Educação de São Paulo, Gabriel Chalita, de ter assediado sexual e moralmente um sobrinho seu, no início dos anos 2000. Chalita e Giannetti travarão uma disputa renhida na próxima quinta (16) pela última das cinco vagas que estavam em aberto desde o início da pandemia, em março de 2020.

    “Eu fiquei indignado com essa maldade que o Pedro fez”, diz o imortal Carlos Nejar, de 82 anos, o único dos imortais que aceitou dar declarações a VEJA sem preocupar-se com o anonimato. Futricas e jogos de interesse são comuns na movimentação das peças que compõem o tabuleiro da Academia – mas este ano a coisa desandou, garante o poeta. “É a primeira vez que eu vejo uma campanha tão suja como essa”, observa Nejar, desde 1989 entre os confrades da ABL.

    Mesmo sem ter recebido o telefonema direto de Pedro (“Ele não seria louco de me ligar, sabe que comigo iria ouvir poucas e boas se viesse com essa história”), Nejar foi alertado pelos companheiros – numa frenética troca de ligações – que Chalita vinha sendo alvo de tirambaços verbais disparados por Pedro. E se revoltou. “Ele fez comentários homofóbicos, o que é um crime. Não admito isso”, indigna-se.

    Nos movimentados bastidores da casa fundada por Machado de Assis, o que se comenta é que Pedro teria “errado a mão” ao fazer uma “campanha figadal” por Giannetti, de quem é amigo há muito tempo. “É um equívoco espalhar este tipo de comentário para tirar votos de um adversário, até porque não há provas do que ele fala”, diz um imortal, que exime Giannetti de qualquer participação na rede de acusações. “A iniciativa não foi dele, o Pedro que resolveu sair ligando para todo mundo”.

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    Giannetti afirma não ter “informação alguma” sobre as ligações de Pedro e garante ter se correspondido com quase todos os imortais em sua campanha, sem que em nenhum momento entrasse em considerações “sobre nenhum dos opositores”. Procurado por VEJA, Pedro Corrêa do Lago diz que não irá comentar o caso “por se tratar de uma questão privada”. Gabriel Chalita não quis se pronunciar sobre o assunto.

    Na Academia, é um consenso que o caso acaba por azedar o clima entre os imortais num ano considerado “histórico” para a instituição, que voltou aos holofotes e parece estar se recuperando financeiramente do baque gerado pela pandemia. Com Fernanda Montenegro e Gilberto Gil recém-eleitos e já se aquecendo para entrar em campo envergando o seu fardão-fetiche, a ABL vive dias de tensão às vésperas de sua última eleição de 2021.

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