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A experiência de Selton Mello ao substituir Rivotril por óleo da Cannabis

Ator fala a VEJA sobre autobiografia ‘Eu me Lembro’, escrita após diagnóstico de Alzheimer da mãe

Por Valmir Moratelli Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO , Giovanna Fraguito Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 8 Maio 2024, 16h36 - Publicado em 26 jan 2024, 07h01
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  • Para celebrar a vida e as conquistas de seus 40 anos de carreira, Selton Mello, 50, lançou recentemente a autobiografia Eu me Lembro. Movido pela vontade de salvar as suas memórias e da família, após o diagnóstico de Alzheimer da mãe, ele convidou quarenta pessoas – nomes como Débora Falabella, Marjorie Estiano e Fernanda Montenegro – para lhe fazerem perguntas e desafiá-lo a abrir a intimidade. Selton conta à coluna o que deixou de fora do livro, a forma que lida com assuntos presentes na obra, como a doença de Selva, e a pressão estética.

    Fazendo um balanço dos 40 anos de carreira, acha que já chegou no auge? É difícil medir isso, já fiz muita coisa. E fico com vontade de testar coisas novas, talvez coisas que eu não tenha feito, talvez voltar para o teatro, que é algo que não faço há muito tempo… Fico tentando sempre descobrir novas formas de manter o brilho nos olhos. Voltar a dirigir um novo filme, retomar Sessão de Terapia, série muito importante para o público e que ajuda muita gente do outro lado da tela. Uma série que não pode parar e tinha que passar na TV aberta para ajudar mais gente, mesmo que seja de madrugada.

    O que deixou de fora do livro? Olha, eu viro as páginas do livro e penso: “Nossa, que história!”. Às vezes bate um “Ah, que pena, não falei aquela coisa do meu primo”, mas não dá pra colocar tudo num livro. Deixei de fora o que não lembrei, o que não foi importante, o que não marcou tanto. Algo importante para dizer, e que ficou de fora do livro, por exemplo, é que sempre tive dificuldade pra dormir e tomei remédios variados até que cheguei no Rivotril, que me ajudava com isso. Só que, depois de muitos anos tomando Rivotril para dormir, isso já estava me incomodando. Pensava assim: “Vou ficar sempre dependente desse negócio?”.  E aí, mais recentemente, comecei a usar o CBD, óleo extraído da Cannabis. Sou associado da APEPI – Apoio à Pesquisa e Pacientes de Cannabis Medicinal, do Rio de Janeiro, e compro deles.

    Como está sendo essa experiência? O CBD me ajudou demais, fui desmamando o Rivotril e entrando com o óleo de CBD pra dormir, é uma beleza. Às vezes, de dia, também faz bem num caso de ansiedade ou uma tensão antes de uma estreia, por exemplo. Por conta da ignorância, da caretice e do lobby farmacêutico, quando a gente fala em Cannabis ou maconha já fica a ideia de algo ilegal. Não fumo maconha, não gosto. Mas o óleo ajuda para dormir, para dar uma acalmada, ajuda muita gente. Se eu tivesse acesso a essa informação antes, talvez minha mãe tivesse sido beneficiada no Alzheimer também. Esse é um relato importante que não lembrei de pôr no livro. Não deu tempo, entende?

    Você fala também da pressão estética ao longo da carreira. Como é isso hoje em dia? Eu sou vaidoso “médio”. Cuido da minha saúde, me alimento bem, me exercito regularmente. Faço musculação umas cinco, seis vezes por semana com personal, exercício aeróbico, pilates. Sou contra a estética da magreza, do tanquinho. Vemos aquela imagem da mulher que acabou de ter filho, com a barriga chapada, aí tem aquele monte de mulher no Brasil inteiro se vendo com estrias em casa, que se sente péssima por isso. Isso faz mal… São postagens que fazem mal às pessoas. Falo muito dessa questão da pressão estética no livro.

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    Você abre pela primeira vez o diagnóstico de Alzheimer da sua mãe. Sente medo da possibilidade de também desenvolver a doença? Sim, tenho medo. E por isso esse livro. É uma homenagem à minha mãe, ao meu pai e uma forma de salvar grande parte da nossa memória, das nossas lembranças, das recordações não só minhas, mas também da minha família. Sim, posso ter Alzheimer amanhã, posso começar a ter não na idade dela, posso ter antes… Então era uma urgência, tinha necessidade de deixar como se fosse uma caixa preta das minhas coisas, conquistas, medos, o que sonhei, o que senti… Principalmente o que eu senti. Acho que o público está encantado com o livro, que já nasceu na lista dos 10 mais vendidos! A VEJA publicou na lista dos best-sellers.

    Sobre O Auto da Compadecida 2, o que pode adiantar do filme? Tem o retorno da Virgínia Cavendish fazendo a Rosinha, numa participação especial linda. Tem novos atores brilhando… Tem Thaís Araújo fazendo a Nossa Senhora dessa vez, lindo trabalho dela, mas o principal é o retorno da dupla João Grilo e Chicó, né? Eles são os nossos Avengers, o mais perto da Marvel que a gente chegou é O Auto da Compadecida. Essa dupla é uma coisa impressionante, é fenômeno. Esses dois juntos de novo é uma coisa que causa muita emoção.

    Tem outros projetos em vista? Tenho mais outros dois filmes que eu amo que serão lançados no ano que vem. Um deles é o novo filme do Walter Salles. Chama-se Ainda Estou Aqui, baseado no livro do Marcelo Rubens Paiva, onde eu faço o Rubens Paiva, e conta sobre o pai dele, que foi levado para dar uma informação no período da ditadura e nunca mais voltou para casa. O corpo nunca foi encontrado… É uma história necessária de ser lembrada. O outro filme é do gênero de terror, que nunca tinha feito, Enterre Seus Mortos, do Marco Dutra. Agora é aproveitar a vida, descansar e preparar os próximos passos e as novas memórias.

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    Capa do livro de Selton Mello -
    Capa do livro de Selton Mello (Reprodução/Divulgação)

     

     

     

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