Dono de uma loja de departamentos que vende de tudo – de carro popular a jarras de plástico em formato de abacaxi, Nero (personagem de Edson Celulari) em Fuzuê pode, num primeiro momento lembrar um empresário da vida real bastante polêmico: Luciano Hang, da rede Havan. Mas a comparação vai até, no máximo, a cor verde do terno que ambos costumam usar. O ator diz que seu personagem é mais popular, veio da feira, tem uma pegada romântica. A seguir, o bate-papo de Celulari com a coluna.
Estava com saudade de fazer novela das 7? Adoro fazer novela, e esta é diferenciada por ser extremamente alegre. Lembra as novelas que o Jorginho (Jorge Fernando) dirigia, que o Silvio (de Abreu) escrevia, tem um tom meio musical, humor, leveza, ao mesmo tempo tem romance, suspense e caça ao tesouro. A gente está fazendo com muita paixão. É um elenco pequeno, concentrado.
Você gosta de assistir às suas cenas? Já tem alguns trabalhos, que não vejo a revisão. Normalmente via, eles revisavam a cena e assistia também, tinha uma ideia, agora não vejo nada.
Está trabalhando com elenco jovem. Tem paciência para quem está começando? Se eles soubessem o quanto a gente aprende com eles, né? Essa troca de energia, não só de gerações diferentes, com experiências diferentes, é maravilhosa. Temos um elenco preto maravilhoso presente também na história, é um diferencial da novela, tudo junto e misturado. Todos nós aprendemos, somos generosos a oferecer aquilo que a gente sabe.
Vai na fé foi um sucesso. Como você encara a comparação? Encaro como sorte, já pensou se a gente estreasse depois de um projeto que não tinha funcionado? E é um personagem extremamente complexo. Ao mesmo tempo que ama a família, ele briga. E diz: ‘criei a Fuzuê, era feirante e vocês já pegaram a fruta colhida’. Tem muitos assuntos, temas e complexidade dão qualidade ao personagem.
Onde foi buscar esse personagem popular? O Nero veio da feira, adoro feira, até os meus 13 anos morei na zona rural de Bauru, minha cidade. E tem uma feira onde moro aqui no Rio. Sou amigo de todos os feirantes. Estou aprendendo com eles as frases, a maneira como eles tratam o cliente… Não é cliente, é freguês, eles conhecem a família inteira. Um deles sempre pergunta: ‘Como está a sua avó? Saiu do hospital? Como está o filho?’. Esse tipo de comércio humanizado é maravilhoso. Tenho que desenhar o personagem dessa forma.
Buscou referência em algum empresário da vida real? Há relação com o Luciano Hang? Não, de forma alguma. Procurei somente na feira. Empresários conheço um pouco. Tive que construir a base desse homem simples, surgindo em camadas. O texto trouxe informações.
Você pechincha na feira, sabe os preços dos produtos? Isso é fundamental, você ir a uma feira e não barganhar, não tem graça. Em outros países, na Índia por exemplo, na própria China, se você compra e paga o que o cara está pedindo de cara, ele nem te vende. Essa parte da negociação se vê muito na feira, né?
Qual é o maior fuzuê da sua vida? Nesse momento é minha filha, de um ano e cinco meses. Ela quer bagunçar tudo! A minha casa atualmente é um verdadeiro fuzuê por causa da Chiara.