Surgiu mais um fato para reduzir para perto de zero a possibilidade de um acordo entre os candidatos da direita e centro-direita (Sergio Moro, João Doria, Simone Tebet, Alexandre Vieira, Felipe D’Ávila e Rodrigo Pacheco). Em dezembro, o Congresso decidiu ressuscitar a propaganda partidária, os comerciais que as TVs e rádios eram obrigadas a exibir ao longo do ano e que haviam sido cancelados em 2017. A nova lei foi sancionada por Jair Bolsonaro em 4 de janeiro e os partidos já estão se inscrevendo na Justiça Eleitoral para exibir seus comerciais em rádio e TV. O MDB, de Simone Tebet, pediu 20 inserções em março e 20 em junho. O PSD, de Rodrigo Pacheco, concentrou suas 40 inserções em junho. Outros partidos devem entregar seus pedidos nos próximos dias. O calendário só deve ser definido pelo TSE em fevereiro.
Os dirigentes dos partidos acreditam em milagres. Acham que se Tebet ou Pacheco tiverem algumas dezenas de spots de 30 segundos de propaganda eles irão sair do 1% de intenção de votos nas pesquisas. Digamos, por um momento, que sim. E irão para quanto? 3%? 4? A possibilidade de um candidato se tornar viável a partir do nada é apenas um exemplo de que, às vezes, a esperança pode vencer a experiência.
É verdade que já aconteceu antes. Em 1989, o então governador de Alagoas, Fernando Collor, se tornou conhecido nacional aparecendo em dois programas partidários. Em março de 1989, Collor estava em quarto lugar na pesquisa Datafolha com 9%. Com a exposição na TV, saltou para 17% e ficou em primeiro lugar. Mas 1989 é um passado distante, quando a TV e rádios eram as únicas fontes de informação da maioria dos brasileiros, as redes sociais não existiam e o público não estava acostumado aos truques dos candidatos. Esse Brasil não existe mais.
O efeito político, no entanto, é real. O MDB só vai desistir da candidatura de Tebet depois de confirmar o fracasso do programa de radio e TV. Isso vai adiar as conversas e manter o quadro pulverizado por mais tempo. Hoje somados, esses seis candidatos da direita e centro-direita têm apenas 15% das intenções de voto. Não é suficiente para mudar o jogo.